Zahovic e o ingresso no Benfica:«Quero ir para a Luz!»

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A voz, as pausas e o tom traíam-no. Não o deixavam mentir. Mais do que a surpresa, que confessaria, Zahovic repetia sinais de profunda decepção. «Estou magoado com as pessoas do Valência», precisou o esloveno, enquanto se esforçava por conjugar sensações opostas numa breve conversação telefónica com o Maisfutebol.
O telemóvel vibraria novamente, a qualquer momento, possivelmente com notícias da Luz. Na expectativa, interrompeu a conversa para atender uma chamada em espera, que lhe traria a voz de um amigo grego, igualmente curioso sobre o destino da estrela da selecção eslovena.
O interesse do Benfica era o único motivo que lhe permitia sorrir, ainda que o desapontamento, provocado pela atitude da Direcção do Valência, se lhe sobrepusesse. Chegou a gracejar com a ideia de voltar a jogar com Drulovic, ainda que nada de sério se permitisse a dizer sobre o assunto. «Nunca, enquanto não houver acordo», esclareceu.
Mas estava «feliz», jurou, antes de nova consideração sobre o comportamento dos dirigentes do Valência o deixarem a falar, outra vez, de mágoa. «O interesse do Benfica agrada-me. Estou interessado», admitiu. Podia, finalmente, assumir a sondagem da Luz, que lhe fora comunicada horas antes por José Veiga.
Do empresário e do Benfica não apontava uma queixa, mas sobre o Valência tinha motivos de sobra para lamentar. «Estou muito magoado com as pessoas do Valência», confessou. «Estiveram ontem em Lisboa, a negociar o meu futuro, e não foram capazes de me avisar, de me dizer uma palavra que fosse. Foram pouco sérios!», acusou. «Nestas coisas, eu tenho que ser sempre o primeiro a saber, tenho que ser informado».

Benfica a caminho?

Em Maribor, na Eslovénia, desde ontem, já em férias, Zahovic deixara Valência seguro de que deveria apresentar-se em Mestalla no dia 15. A saída de Hector Cúper, o treinador, abria-lhe, inclusive, excelentes perspectivas de poder transformar-se num titular, servindo ainda de principal motivo para a surpresa gerada no acordo entre Valência e Benfica.
Sem alternativa, Zahovic, que gosta de desenhar o seu próprio futuro, dispõe-se agora, de pés e mãos atados, a aguardar. «Espero por uma proposta concreta». De que José Veiga será, possivelmente, o portador, embora o jogador conte com a viagem dos interessados à Eslovénia, ainda hoje. Um telefonema, na hora certa, com os números certos, poderá, contudo, ser o suficiente para precipitar a viagem para Lisboa e garantir o regresso do esloveno ao futebol português, de que o próprio prefere não falar por enquanto. «Não posso dizer mais, porque ainda não há acordo», defendeu-se. «Mas espero que seja possível entendermo-nos. Acredito que possa ser fácil». As próximas horas confirmá-lo-ão.
Do Valência, clube com que tinha mais quatro anos de contrato, e, em especial, dos seus dirigentes, guardará sempre uma certa mágoa, mesmo garantindo que tudo estará ultrapassado, «desde que chegue a acordo com o Benfica».

TEXTO: MaisFutebol