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Se alguma coisa o jogo com o Infesta provou foi a dependência que a equipa encarnada continua a sentir em relação a Pedro Mantorras. O avançado angolano tem estado nas bocas do mundo por continuar em branco desde o jogo com o Belenenses, na 6.ª jornada, mas tem-se revelado decisivo em quase todos os jogos da sua equipa. Quando Mantorras está desinspirado, o Benfica ressente-se. Como seria sem ele?
Não deixa de ser preocupante o facto de Mantorras ser o máximo goleador da equipa com apenas cinco golos, quando o líder, Jardel, já contabiliza 12 golos, só em jogos do campeonato. Se acrescentarmos os desafios da Taça e da UEFA, a diferença entre o sportinguista e o benfiquista é ainda mais acentuada, uma vez que Jardel totaliza 21 golos em todas as competições, apesar de só ter realizado mais um jogo que Mantorras.
Não obstante, se um é o rei incontestável na finalização, o outro ostenta um índice invejável nas assistências para golo, que faz dele a grande figura do Benfica neste primeiro terço do campeonato.
O talento e a irreverência de Mantorras parecem ter contagiado os companheiros desde a primeira jornada e a preocupação de entregar a bola ao angolano para que resolva os jogos tornou-se uma prática comum dos médios e até dos elementos do sector recuado.
Marcações apertam
Apesar dos problemas de finalização, que uma vez mais foram evidenciados no jogo da Maia, Mantorras tem correspondido às expectativas. Porém, como era de prever, a Mantorrodependência já não constitui surpresa para os adversários e esta realidade explica, em parte, as dificuldades do angolano no capítulo da finalização.
A vigilância aos movimentos do avançado benfiquista vai-se aperfeiçoando jornada a jornada e, hoje, vê-lo rodeado de dois ou três adversários tornou-se banal.
Há dias, o próprio Mantorras sugeriu que se tivesse um jogador de área como referência, «talvez os defesas se esquecessem um pouco dele». Não será alheio a este facto que Benfica procura precisamente um avançado para inscrever em Dezembro.
Cansaço
A lesão de Sokota e a aparente solidão de Mantorras abrem, pois, portas à contratação de mais um avançado. Falta apenas saber se há dinheiro para a operação e provavelmente, certezas sobre o tal jogador que terá, forçosamente, de constituir uma mais valia, estando fora de hipótese adquirir alguém que passe a maior parte do tempo no banco de suplentes.
A avaliar pelo jogo da Taça, Rui Baião perfila-se como o próximo companheiro de Mantorras no ataque, desempenhando o papel que estava destinado a Zahovic. O jovem internacional português não terá o estatuto e a experiência do esloveno, mas nesta fase da sua carreira há muito mais a aproximá-los de que a fita que ambos usam para segurar o cabelo.
Falta saber como reagirá Mantorras à sobrecarga de jogos e ao esforço que lhe é exigido em cada partida. É preciso não esquecer que o angolano foi exposto a sucessivas viagens ao seu país na época passada e depois da participação no Mundial de Sub-20, na Argentina, não teve praticamente direito a férias, tendo seguido de imediato para a pré-época na Suíça. Este cansaço, de resto, ficou bem patente na segunda parte do jogo com o Infesta, dando a sensação que o próprio atleta ficou surpreendido por não ter sido substituído. Refira-se que, a par de Fernando Meira, Mantorras é o jogador com maior número de minutos disputados no Benfica. São os únicos totalistas.
Qualquer que seja o sistema a utilizar futuramente, a Mantorrodependência ficará como imagem de marca do Benfica na primeira fase do campeonato e em Janeiro, depois do encerramento das inscrições de jogadores, se verá se é para continuar.