o que o MIGUEL disse á ao jornal a BOLA

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A bola
Cansei-me! AO não aparecer na Luz no regresso ao trabalho, ontem, Miguel transformou-se no grande protagonista do dia. A BOLA procurou as suas explicações e foi um jogador com a voz embargada que nos garantiu que passou todo o período de férias a tentar falar com os dirigentes encarnados, sempre sem sucesso, reafirmando que já não tem «motivação para jogar mais em Portugal». Miguel diz que agiu de acordo com a sua consciência, deixando também clara a ideia de que em Portugal não jogará noutro clube. Miguel diz estar tranquilo em relação à atitude que tomou, apesar de a voz, a fugir para o rouco, indiciar que o sono não terá sido assim tão repousante. Afinal, o lateral-direito é o grande protagonista do terramoto que se abateu sobre a Luz no dia em que o plantel para a próxima época se apresentou ao trabalho. Este é um caso que muitos já comparam aos pedidos de rescisão apresentados por Paulo Sousa e Pacheco no célebre Verão Quente, já lá vão 12 anos. O jogador de quem se fala admitiu ter ouvido, pela televisão, as declarações de Luís Filipe Vieira, mas isentou-se de culpas pela falta de diálogo, referindo ter sido o primeiro a procurar falar com os máximos responsáveis pelo futebol acerca do seu futuro. «Há mês e meio que tento conversar com as pessoas, mas não tiveram qualquer consideração por mim. Ao longo destas cinco épocas houve muita gente a dizer-me para deixar o Benfica e eu recusei-me sempre porque, além de respeitar e gostar muito do clube, tenho os meus princípios. Mas a partir do momento em que fui desconsiderado, achei que tinha o direito de agir de acordo com a minha consciência», justificou. A posição de Miguel baseia-se na opinião solicitada pelo jogador a diversos advogados, entre eles Dias Ferreira, por alegadamente ter dúvidas sobre o seu novo contrato, que teria entrado em vigor na última sexta-feira, data em que expirou o anterior. Recorde-se que o lateral, em 2003, chegou a acordo com os encarnados para prolongar o contrato até 2008: «A minha decisão nada teve a ver com o desfasamento no número de anos que assinei. É verdade que pedi o segundo contrato nos serviços do clube, a pretexto de estar a comprar uma casa, mas essa foi a única maneira de tê-lo em meu poder. Antes, só tinha duas folhas e um aditamento do mesmo. Entretanto solicitei também à FPF o contrato e constatei que havia vários pontos pouco claros, a começar pela ausência do reconhecimento notarial. Eu, pelo menos, não o fiz. Por isso, avisei o Benfica de que não iria apresentar-me sem ver esclarecidos os pontos em questão.» «Em Portugal, só no Benfica» Sendo certo que a ausência de Miguel na apresentação do plantel suscitou, de imediato, rumores de que o FC Porto poderia ser o seu destino, o jogador recusou esse cenário. E de forma enérgica. «As pessoas estão a associar o FC Porto a este caso porque é público que eles precisam de um lateral-direito. Mas, em Portugal, jamais aceitaria jogar noutro clube que não o Benfica. Aliás, o meu representante, Paulo Barbosa, sabe disso», garantiu. Nesse âmbito, o lateral-direito garante que o Benfica esteve sempre informado das suas intenções: «Falei duas vezes com José Veiga e disse-lhe que queria ir para fora. Neste momento, não tenho motivação para continuar no futebol português. Pretendo outras coisas. Há diversas razões que me levam a querer tentar outra Liga e elas não se referem apenas ao aspecto financeiro. Há três anos seguidos que me prometem deixar sair, mas nunca acontece. Primeiro, eram 15 milhões, depois 11, agora parece que são dez que pedem pelo meu passe. Para o ano, se quiserem cinco, os clubes interessados só vão oferecer um milhão!» Eis as razões de Miguel para uma atitude que apanhou de surpresa a nação benfiquista.