Deixem passar o “King”

Fonte
Record
Em terras de Sua Majestade falta um rei mas ele apareceu ontem no aeroporto de Manchester, pronto a reassumir um trono que conquistou nos anos 60, quando passeou o seu futebol pelo Mundo, especialmente por Inglaterra, no Mundial de 66 e na final da Taça dos Campeões em 68. Ao final da manhã, contudo, Eusébio surgiu derrotado pelo cansaço. Tinha seis horas e meia de viagem desde o Canadá (pela noite) mais um voo de 45 minutos desde Londres, e empurrava com aparente fragilidade a bagagem. E foi nessas condições que se viu assolado por um grupo de caçadores de autógrafos, munidos das mais diversas e interessantes fotos, em jogo ou já retirado, todas com qualidade assinalável, nas quais queriam uma rubrica para depois venderem aos interessados. Talvez consciente de que o objectivo do negócio era superior à verdadeira admiração, Eusébio quase não parou, quase não autografou. Até conseguir resguardar-se no automóvel que o esperava, levou as mãos à cara, desesperado, e ergueu-as ao céu, pedindo simplesmente espaço. Quatro décadas depois, o rei ainda é negócio. Os caçadores atravessavam-se, impunham a presença e teve que ser Luís Filipe Vieira a ajudar o pantera negra. “Deixem passar! ‘King’, vamos embora!”, atirou, também preocupado em apressar-se para chegar de forma célere ao local (diferente) onde estava prevista desembarcar a equipa. Até à noite, Eusébio descansou para ir ao que verdadeiramente queria... Prestígio de Koeman também gera negócio Eusébio foi o mais assediado mas Koeman também não escapou, embora a sua destreza física o tenha ajudado a fugir com maior facilidade. Mesmo assim houve quem conseguisse um autógrafo na foto em que o holandês festeja o golo que marcou à Sampdoria, na final da Taça dos Campeões, pelo Barcelona, em 20 Maio de 1992. Koeman na “Laranja mecânica”, Koeman no Benfica, tudo pode render mais umas libras desde que seja “oficializado” com a assinatura do protagonista. Nuno Gomes foi um dos jogadores do plantel travado para o mesmo efeito, embora sem o mesmo nível de interesse – o que só prova que o prestígio que envolve os encarnados nasce todo no passado, não recebendo grande influência dos actuais protagonistas. Consequência de longa ausência europeia... Miccoli visto como “estrela” A revista oficial que o Manchester United produz para cada partida mostra toda a actualidade do clube inglês (o jogo de sábado com o Blackburn) e do Benfica. A informação surge completa, mas acaba por falhar no destaque às figuras actuais dos encarnados. Miccoli (definido como a “estrela” do conjunto, certamente devido ao golo com o Lille), Simão, Moreira, Manuel Fernandes e Luisão são os elementos mais destacados mas a referência a Nuno Gomes acaba por ser breve.