Das ruas de Filadélfia até à Casa Branca

Fonte
A Bola
Após uma desgastante viagem de sete horas e meia de avião, desde Lisboa até Newark, na sexta-feira, Luís Filipe Vieira venceu o cansaço e percorreu ainda mais duas horas numa confortável limousine, alugada pela organização a 50 dólares à hora, para chegar a Filadélfia a tempo de jantar com a comunidade portuguesa residente no estado de Pensylvania. Sempre solícito, apesar do cansaço estampado no rosto, passava já das 11 horas locais (quatro da manhã em Lisboa) quando o presidente encarnado efectuou o seu habitual discurso aos cerca de 350 portugueses (havia muitos sportinguistas numa festa organizada por benfiquistas) que se juntaram na Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Fátima para celebrar o 15.º aniversário da Casa do Benfica daquela que foi a primeira capital dos EUA. A Casa de Filadélfia encontra-se actualmente sem sede própria, mas nem por isso deixa de conseguir aglomerar a comunidade benfiquista em seu redor. Nesta sexta-feira à noite a festa foi tipicamente portuguesa e conseguiu arrancar muitos elogios a um estafado Luís Filipe Vieira, que mesmo assim fez questão de responder ao maior número possível de solicitações. E o presidente acabou por fazer uma confidência: «Quando saí de casa, há quase 24 horas, a minha mulher perguntou-me como é que eu aguentava isto. E eu respondi-lhe que aguentarei enquanto precisarem de mim para seguir em frente no rumo que foi traçado desde que Manuel Vilarinho assumiu a presidência do clube». Este foi, aliás, o mote para Vieira, em mangas de camisa e com calças de ganga, ou seja sem os formalismos de outras ocasiões, enaltecer a obra feita num curto espaço de tempo e obedecendo a «rigorosos orçamentos financeiros», garantindo que o Benfica é «hoje uma das principais marcas de Portugal». E há um pormenor que se destaca: se no início do seu mandato notava-se em Filipe Vieira alguma dificuldade em falar para as massas, agora o discurso sai-lhe fluido, organizado, prendendo a atenção do mais desinteressado ouvinte. «Começar mal para acabar bem» Os adeptos de Filadélfia também queriam saber novidades sobre o futebol. Filipe Vieira não tinha muitas para lhes dar — «até porque estão aqui jornalistas e eles não podem saber tudo» —, mas sempre deu a certeza de que «o Benfica começou mal a época, mas de certeza que vai terminar bem», ou seja, o líder encarnado acredita que irá celebrar «novamente o título de campeão». E quer começar já a festejar na próxima jornada. «Vamos defrontar um grande adversário, mas vamos ao terreno do FC Porto para ganhar. É verdade que há 14 anos que não o conseguimos, mas temos de acreditar que será desta.» Até porque Vieira conhece bem «o capital humano que há no balneário». Umcapital que «de certeza irá surpreender muita gente... se calhar até na Europa, um pouco à semelhança do que se passou com a obtenção do título». Vitória no campeonato que, garante o presidente, tão cedo não esquecerá... «por tudo o que envolveu». Perto de... Bush e feliz por Mantorras Mais de 24 horas depois de ter acordado na sua casa perto da Costa da Caparica, Vieira dava por encerrada uma jornada que o levou ainda de volta ao hotel em Newark, próximo do aeroporto onde deveria embarcar meia dúzia de horas depois em direcção a Washington. Cancelada uma conferência de imprensa para os media portugueses locais, ainda em Newark, Vieira rejubilou com a vitória de Angola, do seu Mantorras, sobre o Ruanda, que permitirá a presença angolana pela primeira vez num Mundial. Washington, capital norte-americana, sede da Casa Branca, residência oficial de George Bush, recebeu Filipe Vieira e Fernando Tavares, vice para as modalidades, com chuva. A viagem não chegou a ser feita de avião devido ao mau tempo, que provocou o cancelamento dos voos a partir de Newark. Recorreu-se então ao comboio rápido, que responde pelo nome de Amtrak e fez o percurso entre as duas cidades em duas horas e quarenta minutos. Na estação em Newark, o presidente do Benfica foi reconhecido por dezenas de portugueses, tendo distribuído autógrafos, posado para fotografias (chegando mesmo a pedir emprestado um chapéu a um polícia originário de Viseu, Alberto Nunes) e... engraxado os sapatos. Manassas seria o destino final, onde, já de madrugada em Lisboa, se festejava o 10.º aniversário da Delegação de Benfiquistas do Estado da Virgínia. Sem ponta de cansaço!