"Hoje quem manda em Portugal é o Benfica" Argel

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Argel deixou Portugal há cerca de um ano, depois de uma curta passagem pelo FC Porto e outra "marcante" pelo Benfica. Em conversa com O JOGO, o defesa-central, que se encontra de férias em Porto Alegre, abordou vários assuntos, desde os segredos que levaram à conquista do título do Benfica, até à relação conturbada entre José Veiga e Pinto da Costa... O JOGO | Participou em metade da época passada, que acabou por dar o título ao Benfica. Qual foi o segredo dessa conquista? ARGEL | Sem qualquer dúvida, o segredo esteve na força do balneário. E quem deixou o balneário dessa forma foi o José Veiga. Ele foi sempre uma pessoa fantástica... Comprou uma guerra muito grande e se o Benfica não conquistava o campeonato ele ficava numa situação muito complicada. P | Mas comprou uma guerra com quem? R | Com quase toda a gente... Com Pinto da Costa, por exemplo. Desde que o Veiga chegou, o Benfica voltou a ser grande: conquistou o título e foi vencer ao Dragão muitos anos depois, para além de ter conseguido unir o clube. P | Mas, afinal, qual foi a importância do José Veiga na conquista do título? R | Ele esteve sempre presente, empurrou a equipa e uniu os jogadores. Nunca deixou sair nada para fora do grupo de trabalho e filtrava todas as informações para a Imprensa. E se tinha algum problema no balneário, ele chegava a sanava imediatamente o assunto. Para além disso, sabia chamar os jogadores à atenção quando era caso disso, ou dar moral quando sentia que a equipa precisava. Ele conseguiu segurar o balneário e o Benfica só foi campeão porque o Veiga esteve presente. P | Lembra-se de algum caso em concreto onde o José Veiga tenha sido importante para o grupo de trabalho? R | Lembro-me, por exemplo, de um momento da época que considerei muito importante. No final do jogo com o Belenenses, que perdemos por 4-1, pensei: o Veiga vai chegar ao balneário e vai partir aquilo tudo. Mas não. Foi ter com a equipa e apoiou todos os jogadores; disse também que tinha a certeza que o Benfica ia ser campeão. Ele concentrou-se no grupo de trabalho, no qual apostou todas as fichas, e foram precisamente os jogadores que fizeram com que ele fosse campeão. Acho que o Veiga teve 60 por cento do mérito de termos sido campeões, enquanto o presidente teve os restantes 40 por cento. Eles podem-se orgulhar do que conseguiram construir no Benfica. P | Mas a época esteve tremida e o lugar de Trapattoni várias vezes em risco... R | Essa foi outra das grandes virtudes do José Veiga. Ele depositou grande confiança no Trapattoni e disse sempre que ia com ele até ao fim, o que acabou por resultar. Este ano aconteceu o mesmo com o Koeman e ele voltou a repetir a receita. É muito fácil manter o treinador quando a equipa está a ganhar, mas é muito mais difícil fazer o mesmo quando a equipa está a perder. Mas ele tem força e sabe que só assim é possível obter resultados. E quando a equipa perde ou joga mal, ele chega ao balneário e defende o treinador. Por tudo isto, acredito que o Benfica vai voltar a ser campeão este ano. Até aposto dinheiro nisso, mesmo estando a seis pontos do FC Porto. Hoje quem manda em Portugal é o Benfica, tal como o FC Porto já mandou no passado. P | Como é a relação entre Luís Filipe Vieira e José Veiga? R | O presidente tem muita confiança no Veiga e dá-lhe carta branca para decidir. E ele conseguiu montar uma equipa campeã... Hoje, o Veiga é um Pinto da Costa de há 15/20 anos atrás. Por isso é que eles não se dão bem. E, como se costuma dizer, tubarão não come tubarão...