Há quem queira saber porque é pouco utilizado

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HOUVE crispação no balneário, após o jogo com o Marítimo, com jogadores a questionarem Koeman sobre a sua escassa utilização. O treinador não dissecou as circunstâncias do comprometedor empate, antes optou por o fazer ontem, no treino da manhã. A falta de agressividade, de luta e de trabalho avançada pelo holandês, em conferência de imprensa, foram temas centrais. Mas, quanto a responsabilidades pelos desaires, Koeman também as tem. Ou não? E tendo-as, como parece ser o caso, para quando a mea culpa? «Tenho de pedir desculpa aos mais de 45 mil adeptos que estiveram no estádio e queriam ver uma vitória. A primeira parte foi horrível. Faltou agressividade, faltou luta, faltou trabalho. Reagimos tarde», lamentou-se Koeman, após terminar o Benfica-Marítimo. Com este empate o campeão nacional somou 14 pontos desperdiçados na Luz, mas nunca, como agora, o seu treinador foi tão crítico para com a equipa. Não falou após o jogo porque, como reflexo de tudo quanto se passara no relvado, não havia serenidade entre os jogadores—A BOLA apurou que houve crispação no balneário, com jogadores a pretenderem saber as razões da sua escassa utilização —, ou seja, qualquer conversa com esse objectivo correria o risco de funcionar como gasolina deitada sobre fogo, como tal optando por fazê-lo ontem, no treino realizado à porta fechada, então já sem o grupo ter os nervos à flor da pele. Tendo em consideração as contundentes afirmações de Koeman, o plantel não escapou à dissecação da propalada «falta de agressividade, de luta e de trabalho». Mas também os jogadores, porque de sobreaviso, por terem conhecimento dessas palavras duríssimas, argumentaram em defesa própria. Houve mesmo quem o questionasse por entender que está a ser pouco utilizado, sem razão para tal, argumentou-se. O Benfica teve uma primeira parte «horrível» — expressão de Koeman —, que lhe «faltou agressividade, faltou luta, faltou trabalho» — ainda citamos o treinador —, mas será que a responsabilidade de mais uma frustração na Luz é exclusiva dos jogadores? O treinador queda-se comodamente isento do facto de o Benfica dizer adeus à revalidação do título nacional e de ter em perigo o acesso directo à Champions? Koeman não pode, nesta circunstância, sacudir, com ligeireza, à água do capote sobre quem lhe está mais próximo. Um líder não funciona assim... Treinador não falha? Vejamos este jogo com o Marítimo: não é da responsabilidade do treinador colocar Robert a titular, na esquerda do ataque, desviando Simão para a direita, onde se sabe sentir-se menos à vontade, quando o francês pouco ou nada tem rendido — no golo ao FC Porto, na Luz, Vítor Baía tem culpas no cartório, como o próprio já reconheceu—, chegando mesmo a parecer desenquadrado de tudo quanto o rodeia? Não é da responsabilidade do treinador colocar a ponta-de-lança um Marcel a mostrar-se ainda inadaptado às realidades do clube, fazendo recuar Miccoli, que tão boa conta do recado tem dado nesse lugar? Não é da responsabilidade do treinador o Benfica ter andado a jogar coxo demasiado tempo, pois as primeiras substituições registaram-se quando faltava meia hora para o jogo acabar? Os jogadores falham? É inquestionável que sim. E o treinador, não? Falhou no jogo com o Marítimo, no qual o Benfica tinha soberana oportunidade de se aproximar do Sporting e de um segundo lugar com acesso directo à Liga dos milhões, como, também, já errara noutros. E não faz mea culpa?