Poborsky foi a estrela que brilhou no último encontro entre o Benfica e o Liverpool

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Jogava-se um particular em Inglaterra, e decorria o mês de Agosto. O Torneio Carlsberg juntava assim duas potências do futebol europeu. O Benfica na altura treinado por Jupp Heynkes, apresentava um «onze» constituído por Enke, Rojas, Marchena, P. Madeira, Escalona, Meira, Calado, Poborsky, Maniche, Sabry e Van Hooijdonk.

Por sua vez, os inglêses eram orientados por Gerard Houllier, que apresentava um «onze» composto por Westerveld, Hyppia, Babbel, Henchoz, Traore, Smicer, Hamann, McAllister, Carrager, Owen e Camara.

Os «encarnados» portugueses até começaram bem a partida com um remate fortíssimo de Poborsky, após um centro de Sabry, remate este que acabaria por saír um pouco acima da baliza inglêsa. Mas na resposta os da casa fizeram bem melhor e aos 10 minutos, cruzamento ao segundo poste, aparecendo o avançado Camara, que fugiu da marcação de Escalona, a cabecear sem qualquer hipótese para o guarda-redes alemão Enke.

A primeira parte acabaria por ditar uma vantagem para o Liverpool, mas no segundo tempo haveria mais golos... e que golos!

Mal reatada a partida, os inglêses por iniciativa de Babbel pela direita, culminada com um cruzamento atrasado a meia altura, que vai encontrar o jovem avançado dos "reds". Owen, de primeira e à meia volta, faz, depois um excelente golo, não dando hipóteses a Enke. Era o 2-0 no marcador mas o melhor ainda estaria por acontecer...

Karel Poborsky era o benfiquista mais inconformado com o resultado e era portanto o jogador com mais oportunidades de golo, até que aos 64 minutos um grande remate acrobático do internacional checo, todo no ar, após cruzamento da esquerda de Sérgio Nunes, acabaria por inaugurar o marcador para os homens da Luz. O Benfica reduzia assim para 2-1 e colocava o estádio de pé com este grande golo do camisola 7.

Depois aos 73 minutos, o «furacão Checo», como era apelidado pelos adeptos dava de novo um ar de sua graça, com uma enorme arrancada. O internacional checo consegue mais um tento notável, desta vez arrancando com a bola dominada do seu meio campo, depois de pontapé de canto favorável ao Liverpool, e só parando na área, batendo Westerveld com um remate com o pé esquerdo. Estava restabelecida a igualdade no marcador (2-2), resultado com que terminaria esta partida.

Os destaques da Imprensa...

O jornal Record escrevia mesmo na sua edição on-line que "Chegar à igualdade com duas obras de arte assinadas por Poborsky funcionou como disfarce perfeito para exibição que, até ali, não justificava tanto. Se depois, e apesar de todas as insuficiências, o Benfica tivesse chegado à vitória, Belfast teria assistido ao crime perfeito. Foi bonito mas não chegou a tanto. E bem vistas as coisas, está bem assim."

O mesmo jornal acabaria por eleger Poborsky como o homem do jogo...

"POBORSKY é de outra galáxia - O futebol português agradece a presença do internacional checo. Poborsky pertence a outra galáxia e sábado demonstrou-o mais uma vez, fazendo dois golos somente ao alcance dos predestinados. O camisola 7 parece, por vezes, estar alheado do jogo, mas de repente tem rasgos capazes de fazer qualquer um se apaixonar pelo futebol. Depois do Euro-96 mais uma recordação para o álbum dos adeptos britânicos e calou os assobios com que foi presenteado durante todo o jogo."

Por sua vez, o jornal «A Bola» acabaria por dizer que foi "ADMIRÁVEL", a exibição de Karel Poborsky, que foi a "máscara perfeita do Benfica". O jornal referiu ainda os momentos mágicos de um dia em cheio, do checo que fazia maravilhas ao serviço do Benfica.
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E agora?...

Passados cinco anos desde esse dia memorável do checo, o Benfica já não conta com Poborsky e irá defrontar de novo o Liverpool mas agora mais a sério, pois em jogo estão os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. O treinador agora é Ronald Koeman e desse jogo que ditou um empate entre as duas equipas, já não consta nenhum jogador no actual plantel.

Em provas oficiais, os actuais detentores do troféu apenas em uma ocasião (84/85) perderam com os encarnados - de nada valendo o golo de Manniche para a eliminatória - conquistando, em contrapartida, cinco triunfos.

O bom trabalho desenvolvido no Valência levou os dirigentes dos "reds" a escolherem Rafael Benítez para o lugar de Gerard Houllier no início da época passada. Considerado um dos melhores técnicos da actualidade, Benítez operou uma revolução na equipa, principalmente no estilo de jogo, afastando-o do tipicamente inglês e aproximando-o do europeu. Os resultados estão à vista com a conquista da Liga dos Campeões... e a possibilidade de erguer, já este domingo, o Mundial de Clubes.

Fiel às origens, o treinador manteve a base da equipa juntando-lhe o improviso de alguns compatriotas. Numa defesa que prima pela experiência - Finnan, Carragher e Hyypia, principalmente, Reina relegou Dudek para o banco dos suplentes, ficando o meio-campo entregue à dupla Xabi Alonso/Gerrard (este último a grande referência da equipa), com o experiente Hamann a espreitar uma oportunidade. No ataque, as opções são variadas tendo em conta que Luís Garcia tanto pode alinhar nas alas como na frente, juntamente com Morientes, Cissé. Sinama-Pongolle e Peter Crouch são outras das opções de Benítez para tentar revalidar o título europeu.

Reportagem de: Rafael Santos
Fonte: Arquivo SL-Benfica.com / Jornal "Record", "A Bola", "O Jogo"