Avé Nuno

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Avé Nuno! Passados 14 anos desde o último triunfo em casa do FC Porto, o Benfica voltou às vitórias no “clássico” mais escaldante do futebol nacional. Muitos ainda se lembrarão dos títulos que surgiram nos jornais quando, no jogo decisivo do título conquistado na época 90/91, César Brito apontou dois golos e calou as Antas. Pois bem, desta feita, podem trocar o “Avé César” por “Avé Nuno”, já que foi o nº21 benfiquista a marcar... por duas vezes, apagando o fogo do Dragão. Por outro lado, no confronto pessoal entre treinadores, ainda não foi desta que Co Adriaanse conseguiu ganhar a Koeman. E os adeptos benfiquistas agradecem... A batalha táctica No duelo “laranja”, Koeman não surpreendeu. O técnico holandês optou pela titularidade de Karagounis num meio-campo reforçado. De facto, o grego era o complemento ideal para fazer parceria com a dupla Manuel Fernandes/Petit, apesar de descair um pouco para o flanco direito. Na frente de ataque surgiram os inquestionáveis Simão, Miccoli e Nuno Gomes, enquanto que na defesa foi Anderson o escolhido para actuar ao lado de Luisão, Nelson e Léo. Na baliza, claro, a alteração de maior vulto: o lesionado Moreira cedeu o seu lugar ao internacional Quim. No FC Porto, Co Adriaanse pôde contar com McCarthy de início. O sul-africano foi o ponta-de-lança de uma equipa vocacionada para atacar. As inclusões de Alan, Lisandro e Jorginho davam conta disso mesmo. Baía comandava um sector defensivo onde Bosingwa, Ricardo Costa, Bruno Alves e César Peixoto formavam uma linha que tentava jogar bem perto da dupla do miolo: Ibson e Lucho, este mais avançado. Maldita fortuna A partida iniciou-se como esperado: um FC Porto pressionante, colocando muita gente nas redondezas da área, e um Benfica concentrado, ocupando os espaços defensivos de uma forma perfeita e tentando sair para o contra-ataque com certeza e velocidade, aproveitando o facto de Ibson ficar, em muitas ocasiões, sozinho no meio-campo recuado dos portistas. Devido às características da partida, apenas aos 12 minutos Quim foi obrigado a mostrar-se, detendo, com duas boas saídas, outros tantos centros perigosos decorrentes de uma jogada iniciada num livre. No entanto, seria o minuto 13, por coincidência ou não, a trazer todo o azar do mundo ao Benfica. A sua pérola, Miccoli, lesionou-se sozinho (problema do foro muscular) e saiu de maca, sendo substituído por Geovanni. O brasileiro ocupou o flanco direito, tendo Karagounis derivado para o meio, onde formou um triângulo com Manuel Fernandes e Petit. O Benfica passou, então, a jogar num claro 4-3-3. Mas os azares não se ficaram por aqui. Aos 23’ foi a vez do FC Porto sofrer um forte revés, quando Lisandro saiu (lesionado e em lágrimas) para a entrada de Diego. Jogo (mais) aberto No último quarto de hora da primeira parte surgiram os principais lances de perigo. Simão foi o primeiro a mostrar-se, cabeceando como mandam as regras a centro (com o pé esquerdo) de Nelson. O lateral teleguiou a bola para o segundo poste, mas o nº20 viu o seu remate sair a rasar o poste direito do atónito Baía. Os portistas responderam por intermédio de McCarthy que, numa rotação perfeita à entrada da pequena-área, enganou Anderson e chutou para a defesa de Quim, com o pé. O final de uma primeira parte agradável não surgiria sem Geovanni derivar para a direita e estoirar para as malhas laterais do 99 portista. Fez-se história... contada pelo 21 Desde o início da segunda parte que se notou um Benfica mais ofensivo e dominador, através de uma circulação de bola quase perfeita e de uma defesa alta que afastou os avançados portistas da área “encarnada”. Depois, com a entrada de Karyaka (para o lugar de um Karagounis em decrescendo), a equipa melhorou ainda mais e pouco depois chegou ao golo, através de um cabeceamento perfeito de Nuno Gomes a responder com um “sim” a um centro tenso e certeiro de Nelson. Com Karyaka a revelar-se o maestro da equipa, o Benfica chegou mesmo ao segundo golo. Foi o russo a dar início a uma jogada em que Geovanni ganhou a linha e cruzou rasteiro para o segundo poste. Ricardo Costa falhou a intercepção e Nuno Gomes atirou a contar para o fundo das redes pela sétima vez nesta Liga. O Dragão gelou enquanto Nuno Gomes apontava para as quinas de campeão estampada na sua camisola. Sinal vermelho à reacção Co Adriaanse lançou ainda Quaresma e Hugo Almeida, abdicando de Lucho e Alan. De facto, aos 74’ o extremo bem podia ter alterado o rumo dos acontecimentos, mas a sua jogada de antologia foi cortada na hora “H” por Luisão. Depois, aos 81’, veio ao de cima o pior da partida, com Bruno Alves a ficar pouco satisfeito com uma entrada a matar sobre Nuno Gomes e a cabecear o nº21 mal este se levantou, indignado. Alves viu o vermelho e, aos 85’, Léo acabou por seguir o caminho dos balneários, ao ver o segundo amarelo após uma falta naturalíssima sobre Quaresma. Tratou-se de uma expulsão forçada, como é hábito nestes “clássicos”... Os minutos finais da partida tiveram mesmo direito a banda sonora. Enquanto os “encarnados” controlavam a partida, os cerca de 2 mil adeptos do Glorioso entoavam os cânticos do costume... ao ritmo da saída dos congéneres “azuis-e-brancos” do Estádio do Dragão. Ricardo Soares