Canal de Televisão

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Ninguém mais tem capacidade para criar um canal de TV A administração do Benfica vai decidir na próxima semana qual o parceiro estratégico para produzir o canal de TV. A SIC é um dos candidatos, mas Domingos Soares Oliveira garante que a decisão não está tomada. O canal deverá custar cerca de sete euros por mês aos subscritores, com seis horas de emissão codificada, entrevistas, treinos e jogos das modalidades. — Vai ser conhecido ainda este mês o parceiro para o Benfica colocar no ar o seu canal de TV. Será a SIC? — Temos optado por não revelar detalhes sobre quem apresentou propostas, mas porque estamos já numa fase muito adiantada do processo posso confirmar que a SIC é um dos candidatos, entre outros. — Será, então, a SIC a escolhida para colocar no ar o canal? — Isso não posso garantir. A SIC não é o único candidato, foram feitas diversas apresentações à administração da SAD e agora está na altura de a comissão que analisa as propostas fazer uma grelha relativamente aos pontos fortes e fracos de cada uma das propostas. Há um factor crítico que é o preço. Ou seja, qual o valor pelo qual o canal vai chegar até ao público. É verdade que as grandes produtoras apresentaram projectos bastante interessantes. Mas tenho de dizer que também algumas produtoras independentes fizeram propostas que nos surpreenderam. — Todas portuguesas, ou também estrangeiras? — Houve duas estrangeiras e uma delas chegou a formalizar proposta. Existe outra coisa distinta, que vai desenvolver-se, que são as redes a nível internacional junto das comunidades emigrantes. Para quem vive no estrangeiro, e eu já fui emigrante, a ligação ao seu País e ao seu clube do coração é uma coisa que não tem preço. Na América do Norte há um potencial enorme. Acreditamos que nos PALOP também poderemos retirar dividendos e também teremos de avançar para a Europa e para o mercado da América do Sul. Só nos Estados Unidos e Canadá as expectativas do BCP Bank para a venda de kits é de 20 mil, a adesão ao canal neste mercado será seguramente superior a 20 mil. — É rentável para um clube em Portugal avançar para um projecto de TV? — Essa é uma questão que temos analisado profundamente. Tem-se falado que existem outras iniciativas de canais de futebol (não vou referir quais) e o que posso dizer é que nós estamos a estudar este lançamento há um ano. Na altura fizemos dois estudos de mercado, um para o kit e outro para o canal, nomeadamente para o preço aconselhável a chegar ao mercado mediante os conteúdos apresentados, sabendo nós que não teríamos jogos em directo. Chegámos a pensar num canal não pago, como fez agora o Real Madrid, mas optámos em não ir por aí. A média da adesão a canais de clubes existentes na Europa situa-se entre um terço e metade do número de sócios que cada clube tem. O Benfica com os seus 150 mil sócios, número de que estamos perto, pode ter uma ambição de angariar entre 55 a 75 mil aderentes ao canal. Sabemos que o canal torna-se rentável entre os 30 e os 40 mil assinantes. Todos os estudos de mercado nos indicam que o canal é rentável, mas só o é pela dimensão do Benfica e pelo seu número de sócios. Outros clubes com menor número de sócios ou de adeptos terão maior dificuldade em rentabilizar este projecto. E até desafiámos algumas entidades que nos apresentaram propostas para nos dizerem se era possível algum outro clube fazer o mesmo e a resposta foi muito clara: não é possível, a não ser que estejam na disposição de investir muito dinheiro sem garantias de retorno. Seis horas de conteúdos «premium» — Qual será então o preço de mercado? — O que colocámos no caderno de encargos foi que ficaria entre os cinco e os 9,99 euros por mês, e o que pensamos é que ficará abaixo dos nove, provavelmente nos sete euros e pouco. — O canal do Manchester, por exemplo, é mais barato... — Isso é evidente, mas não podemos comparar, senão teríamos de comparar também o valor das quotas que um sócio do Benfica paga e o valor que um sócio do Manchester paga, não há comparação. Podemos sim comparar com os jornais desportivos: imaginando, em hipótese, um preço na casa dos nove euros por mês, se analisar isso tendo em conta o valor desembolsado por comprar todos os dias A BOLA, sai mais barato o canal do Benfica. É só um exemplo, os aderentes continuarão seguramente a comprar A BOLA. Quem compra um jornal desportivo quer saber em primeiro lugar o que se passa no seu clube. O canal produzirá diariamente um número de horas, que nunca será inferior a seis, de conteúdos premium com treinos, entrevistas, debates, jogos das modalidades, das criancinhas... Ou seja há vastos conteúdos que permitem tornar o canal rentável. Tanto para o Benfica como um dos parceiros estratégicos, a PT Multimédia, que é a detentora da rede por cabo. — Foi um processo complexo? — Foi muito complexo, tivemos de dialogar com a Olivedesportos, com a PT Multimédia, com a RTP e depois foi necessário confirmar junto de uma dezena de entidades a sua capacidade para colocar o canal no ar. Foi feito um concurso público, vimos as propostas e convidámos um universo restrito de empresas a apresentarem as suas propostas ao Conselho de Administração. Bloqueios inesperados — O presidente Luís Filipe Vieira deu algumas vezes a entender que havia quem estivesse a tentar bloquear este projecto. Confirma? — Estamos em negociações, como disse, há um ano e durante várias etapas notámos efectivamente algum tipo de bloqueios porque estaríamos a tocar em interesses estabelecidos. Não quero nomear, mas eu disse algumas vezes ao presidente que estávamos a encontrar dificuldades que não eram normais. Pensamos que conseguimos vencer um conjunto de barreiras e hoje temos o caminho aberto para o lançamento talvez no próximo Verão, no arranque da próxima época. — Qual é a receita expectável? — É muito variável, depende da adesão, do volume de publicidade... Mas diria que nunca será um valor inferior a 1,5 milhões de euros por ano.