Diego Souza « Quero vestir aquele manto sagrado »

Fonte
A Bola
Diego Souza foi protagonista, embora sem o pretender, de uma novela caricata durante o último defeso. Assinou um contrato com o Benfica até 2010, mas José Veiga foi pronto a afirmar: «Se ele entrar, eu saio pela outra porta». Uma forma de o director geral da SAD marcar a sua posição sobre uma contratação que não teve o seu aval. Optou-se por uma alternativa: o empréstimo. O Fluminense pretendeu recebê-lo de volta mas não tinha condições financeiras para comparticipar no seu ordenado, entretanto inflacionado. O Flamengo agradeceu e, com as devidas garantias apresentadas na Luz, roubou o médio ao arqui-rival. Com resultados à vista, já que Diego foi dos melhores elementos da equipa e marcou cinco golos... cinco grandes golos, fundamentais para evitar a descida do Fla à segunda divisão, o que seria um escândalo. Agora o pensamento está virado para Lisboa... — Terminou o campeonato brasileiro. Gostaria de ir já para o Benfica? — Sim. Até porque existe uma cláusula no meu contrato de empréstimo que dá o direito de o Benfica solicitar o meu regresso a qualquer momento. Sonho com isso! — Está a contar os dias? — Claro! Volto a dizer que sonho com isso. Mas acima de tudo tenho muita confiança nas minhas capacidades e naquilo que poderei fazer no Benfica. Tenho procurado ver maior número de jogos do campeonato português. — E o que viu? — Recentemente vi os encontros com o Manchester United e com o Sp. Braga. Já percebi que o futebol em Portugal é diferente do brasileiro, onde há pouco espaço para jogar. A marcação é forte e por consequência a dificuldade é maior. — Isso inibe-o? — Nada disso, pois além das capacidades técnicas sou um jogador de força. Estou acostumado a marcar o ritmo. Sempre que posso vejo o campeonato português, penso que é muito importante, pois não quero ser apanhado de surpresa. Quero chegar sabendo o que vou enfrentar. Fui bem recebido em Lisboa — Esteve em Lisboa na altura em que se vinculou ao Benfica. Que recordações traz? — Gostei muito. Fiquei impressionado com o estádio, não só pela beleza mas também pelo conforto. É muito lindo. Também sei que o clube é grandioso e tem uma torcida enorme, tal como o Flamengo. É o mais popular e isso motiva bastante os jogadores. — O que lhe disse Roger sobre o Benfica quando jogaram juntos no Fluminense? — Falámos várias vezes e ele disse-me sempre bem do clube e do orgulho que os jogadores têm em vestir aquela camisola. Isso deixou-me ainda mais empolgado! — Esse conjunto de impressões criou-lhe uma expectativa grande? — Sempre cria, mas não posso negar que foi tudo acima do que esperava. O Benfica é o clube que todos sabem: grandioso. E Lisboa agradou-me muito. Vi pouco mas gostei. Tenho contrato mas não a certeza — Mas está seguro de que vai jogar no Benfica? — Contrato eu tenho, mas certezas ainda não... Diria que estou confiante e cheio de esperança. Repito: acredito nas minhas qualidades, no meu futebol. O que virá a Deus pertence, mas a confiança é muito grande. Quero vestir aquele manto sagrado, como me disseram lá em Lisboa. — Como analisa a experiência no Flamengo? — Não posso negar que no Fluminense, com Joel Santana, o treinador que me lançou, tive bons momentos. Entretanto fui para o Flamengo, encarei o facto com profissionalismo e acho que não decepcionei. Fui acarinhado e encontrei novamente Joel Santana. Ele conhece-me bem e tirou proveito das minhas características. Assim foi possível jogar o meu futebol e ajudar a equipa a ficar na divisão principal. Se tivéssemos descido seria um verdadeiro drama nacional. — A boa prestação no Flamengo foi uma prova para quem começava a duvidar das suas capacidades? — Sim. Eu estava parado quando vim para o Flamengo. Tinha saído do Fluminense e com a situação por resolver com o Benfica. Muita gente não acreditava em mim, até porque vinha do Fluminense, o grande rival. Mas dei a resposta dentro do campo e hoje não querem que me vá embora. Mas é o Benfica que vai ditar o meu destino.