Formação dá frutos e espalha-se pelo mundo

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Formação dá frutos e espalha-se pelo mundo António Carraça revolucionou o departamento de formação do Benfica em apenas um ano e meio. O gestor profissional lidera uma equipa de 140 pessoas a trabalhar diariamente em prol dos jovens atletas - e potenciais craques - e tem uma mão-cheia de projectos para desenvolver ANA PROENÇA O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e o gestor profissional para o futebol de formação do clube, António Carraça, vão apresentar na próxima quarta-feira, em conferência de imprensa - pelas 12h30, no Estádio da Luz -, as linhas mestras do trabalho que será desenvolvido na área de formação em 2005/06. Como grandes novidades para esta temporada, destaque-se a obrigatoriedade de todos os técnicos da formação seguirem o mesmo modelo de treino e de jogo e ainda a avaliação rigorosa das competências psicológicas, físicas e técnicas que vai passar a ser feita a todos os atletas (ver página seguinte). No dia seguinte a esta conferência de imprensa, António Carraça viaja para Tóquio, no Japão, onde se reunirá com responsáveis de diversos clubes nipónicos com vista à criação de protocolos e parcerias - que podem passar pela realização de estágios e por intercâmbio de atletas. Numa perspectiva empresarial de internacionalização crescente da marca Benfica, o departamento de formação conta abrir, até ao final do ano, escolinhas de recreação - para crianças entre os seis e os 14 anos - com o carimbo da águia no Luxemburgo, França, Suíça, Angola, Estados Unidos e Brasil. Neste momento, já existem escolinhas a funcionar no Reino Unido (Londres) e em Cabo Verde. "Até Dezembro, vamos chegar às 30 escolinhas em Portugal e no estrangeiro. Não existe nenhum clube do mundo com tantas escolinhas", sustenta António Carraça, em declarações a O JOGO. O modelo-base utilizado é o do "franchising", explicado assim pelo gestor da formação: "Trata-se de instituições privadas com condições logísticas, que vão buscar o conhecimento e a formação dos seus profissionais à nossa estrutura central. Nós padronizamos os serviços dessas escolas e vestimos os seus pequenos atletas com a camisola do Benfica." Estrutura com 140 profissionais Escolinhas de recreação à parte, o departamento de formação do Benfica conta actualmente com 210 atletas, divididos por cinco escalões competitivos: escolas, infantis, iniciados, juvenis, juniores e seniores B. Há cerca de um ano e meio, António Carraça - que tinha saído recentemente da liderança do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol - apresentou ao Conselho de Administração da SAD, liderado por Luís Filipe Vieira, um projecto global para o futebol de formação do clube. A proposta foi aceite, e 2004/05 foi a época de reestruturação (profunda) do departamento, tendo como objectivo primordial passar a fornecer dois a três jovens jogadores por ano para o plantel principal. O objectivo foi alcançado na temporada que há pouco terminou, com Tiago Gomes e Hélio Roque a fazerem parte da equipa profissional - ainda que continuem a jogar na equipa B. "Houve uma aposta do Benfica na sua formação como área nobre e determinante para o futebol profissional", declara António Carraça. Neste momento, 140 pessoas trabalham diariamente no departamento de formação, "numa lógica de completa e total disponibilidade", conforme explica o gestor profissional. No primeiro ano do projecto, 85 por cento do pessoal técnico foi renovado, esta época, a percentagem desceu para 35 por cento. "Estamos no bom caminho. A reestruturação será cada vez menor. A ideia é que as pessoas desenvolvam um trabalho com qualidade, a médio/longo prazo. Pretendemos uma estrutura técnica coesa e permanente", defendeu. Base de dados pormenorizada "Todas as pessoas que trabalham no departamento de formação têm de apresentar relatórios do trabalho que estão a desenvolver. Por exemplo, temos o registo das lesões de todos os atletas, do número de horas que os médicos trabalham, dos jogadores que foram referenciados pelos prospectores. O Benfica tem uma base de dados, importante para a tomada de decisões, o mais pormenorizada possível ", explica ainda António Carraça. Para esta época, o futebol de formação contratou 55 jovens jogadores para todos os escalões, incluindo equipa B, por um total de 34 800 euros. "É um valor quase inexistente, que não é significativo no orçamento e que só foi possível numa lógica de protocolos", esclareceu. Além disso, defende António Carraça, "o futebol de formação é um investimento, não um custo".