A hora do justiceiro

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Fonte
www.slbenfica.pt
Bonfim. Minuto 90. O Benfica empatava a zero com um Vitória que provava porque razão tem a defesa menos batida da Europa. O campeão nacional pressionava, mas o guardião sadino, Moretto, negava o golo. Mas eis que Geovanni dá dois toques com o joelho, desmarca Nuno Gomes na esquerda da área e, após dominar com o peito, o 21 estoirou com a canhota para um golo de antologia. Estava feita a justiça num encontro (relativo à 16ª jornada da Liga) em que o Benfica realizou uma bela exibição... Futebol em quarentena Numa partida disputada em condições climatéricas difíceis, devido ao muito frio que se fez sentir no Bonfim, ambas as equipas demoraram a... aquecer. Apesar de deter o controlo das operações a meio-campo, o Benfica demorava a encontrar espaços no ataque, sendo Geovanni o único jogador a tentar levar a bola à linha de fundo. Karagounis, que iniciou a partida na direita, andou sempre no miolo e Nélson apresentou-se mais concentrado nas tarefas defensivas (Bruno Ribeiro subia muito pela esquerda), demorando a libertar-se no seu flanco. O Vitória apresentou-se com um meio-campo musculado, onde Binho, Ricardo Chaves e Adalto procuravam minar a construção das jogadas “encarnadas”, mas tentou sempre por Sougou e por Fábio colocar em perigo a baliza à guarda de Quim, obrigando o quarteto defensivo (com Ricardo Rocha de volta à esquerda) do campeão a manter grande concentração. Assim, e como se esperava, o jogo lá foi decorrendo... sem golos, ou não fossem os sadinos a equipa da Europa com menos golos sofridos (apenas quatro). Diga-se mesmo que quem viu o Vitória, de Hélio, jogar mal se lembrou do autêntico caos que foi a semana sadina. O acordar do gigante No entanto, o Benfica tinha o despertador a apontar para os 40 minutos e foi então que acordou, criando, num ápice, três boas oportunidades de golo. Geovanni esteve, então, em destaque, cruzando da esquerda para um cabeceamento de Miccoli à figura e, depois, apontando com conta, peso e medida um livre directo que deu a sensação de golo, mas que não passou do quase. Pelo meio, foi a vez de Petit, também num livre, obrigar Moretto a grande defesa, após o remate do internacional português ser desviado pela barreira sadina. A segunda parte trouxe uma alteração táctica na equipa do Benfica, já que Geovanni derivou para o flanco direito do ataque, surgindo Karagounis descaído para o flanco esquerdo. Ainda assim, os primeiros minutos da etapa complementar mostraram mais do mesmo, ou seja, dificuldades para o Benfica penetrar na defesa sadina. Quem arrisca... petisca No entanto, a partir do minuto 60 tudo mudou. Miccoli (que marcara, um minuto antes, um golo limpo, anulado por fora-de-jogo ) saiu para a entrada de Mantorras e o angolano apresentou-se a todo o gás, dinamitando o último reduto sadino com os seus piques habituais. Por outro lado, o grego Karagounis encheu o flanco esquerdo e deixou bem à vista de todos a sua camisola 10, sendo o elemento que mais tempo teve a bola nos pés na segunda parte e libertando-a nos tempos certos. Foram os melhores minutos que já se viram ao internacional grego desde que chegou ao Benfica. Crescia o campeão e recolhia-se na sua defesa o Vitória. Nem mesmo a lesão de Ricardo Rocha afectou os “encarnados” que, já com Dos Santos em campo, embalaram para uns excelentes minutos finais, onde ficou provada toda a categoria de Moretto. Senão note-se: - 68’: Dos Santos cruza ao primeiro poste e Mantorras desvia para uma grande defesa do guardião sadino; - 78’: Mantorras deixa para Karagounis e o grego estoira para nova defesa de Moretto; - 79’ Geovanni centra rasteiro e quando Mantorras se apresta para empurrar para a baliza, Moretto agarra a bola; No entanto, a justiça seria feita no minuto 90, quando Nuno Gomes recebeu o tal passe de génio de Geovanni e, após dominar com o peito, rematou em arco com a canhota (e quase sem ângulo) para um tremendo e decisivo golo. O Benfica termina, assim, o ano de 2005 com quatro vitórias seguidas na Liga (além de não sofrer qualquer golo há cinco partidas), desbravando caminho para um 2006 onde todos os sonhos se apresentam ao virar da esquina. Ricardo Soares