Ingleses é connosco

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Fonte
www.abola.pt
O Benfica procura, esta noite, em Anfield, acrescentar mais uma página de ouro à sua história centenária. O palco, do tudo ou nada, não podia estar montado de forma mais emocionante: o adversário é campeão europeu e a turma da Luz apresenta-se no relvado, onde estão espalhadas as cinzas de Bill Shankley, preparada para defender a vantagem tangencial obtida em solo pátrio. Seguramente, um jogo para mais tarde recordar... Para que não restem dúvidas, o seu a seu dono: a Inglaterra é uma das maiores potências do desporto mundial, expoente de modalidades como o atletismo, o râguebi e o futebol. E é precisamente por isso que cada sucesso contra tão credenciado opositor assume um sabor especial. Portugal não é excepção, seja no futebol, onde a primeira vitória sobre a Inglaterra só foi obtida após 14 tentativas falhadas, seja nas outras modalidades de top. Daí que enfatizar os êxitos portugueses mais retumbantes frente a uma superpotência desportiva se afigure absolutamente legítimo. Entra o futebol Num passado recente, no que ao futebol respeita, os resultados das equipas portuguesas frente às turmas da Velha Albion, têm sido plenamente satisfatórios. O Marítimo derrotou o Leeds por duas vezes (embora tenha claudicado na segunda mão, em Inglaterra, em ambas as circunstâncias), o Boavista jogou e empatou, no Bessa e em Anfield, com o Liverpool, o FC Porto eliminou o Manchester United, o Sporting fez o mesmo a Newcastle e Middlesbrough, enquanto que já na corrente temporada o Benfica afastou os red devils e chega à cidade dos Beatles em vantagem. Dever-se-á ainda juntar a este rol, as prestações da Selecção Nacional, vencedora da Inglaterra nos Europeus de 2000 e 2004. Será que, a partir da frieza dos números, bastante simpáticos para as cores lusas, é possível extrair um padrão? A resposta deve ser, sim. Os principais clubes portugueses articulam-se geralmente de uma forma que não encaixa no tipo de jogo rectilíneo que ainda é usado (embora sem o fundamentalismo do kick and rush) em Inglaterra. É na teia de meio-campo urdida pelas equipas portuguesas que, normalmente, soçobram os "bifes". Aliás, o FC Porto de Mourinho mostrou, contra o Manchester United, como se deve jogar em Inglaterra, optando por uma defesa alta, capaz de evitar o asfixiante ataque construído com base em cruzamentos sucessivos. O Benfica de Koeman, na partida da primeira-mão, teve dois modos distintos. O primeiro, com Beto, privilegiou o embate físico, enquanto que o segundo, com Karagounis, foi em busca dos desequilíbrios defensivos do adversário, alargando o espaço entre linhas do Liverpool e cortando assim o "abastecimento" às "tropas " mais avançadas dos reds. Mas no grande jogo de hoje, em Anfield, assim como em todas as partidas transcendentes, há um factor, que não é táctico nem técnico nem físico, que será determinante: a inspiração. E essa vem quando quer, mais para uns do que para outros é certo, mas sempre sem aviso prévio. O Benfica precisa de muita coisa para sair com um sorriso nos lábios de Liverpool. E este facto metafísico não pode ser desprezado na hora de elencar prioridades.