José Jardim « Aqui jogam os que estão melhor »

Fonte
SLBenfica
Em entrevista exclusiva ao slbenfica.pt, o treinador campeão nacional de voleibol faz um balanço, tanto a nível interno como internacional, da época em curso e aborda o actual momento atravessado pelo Benfica. De uma forma pragmática e directa, José Jardim traça objectivos, tanto a nível de competições como igualmente em relação à evolução da equipa por si treinada. «JOGO-CHAVE É NA HUNGRIA» P – O Benfica partiu para esta época como campeão nacional, mas igualmente com um plantel renovado. Que balanço faz, nesta altura, do desempenho da equipa, tanto a nível interno como internacional? R – No geral fazemos um balanço positivo acerca do que se passou até agora nesta época, especialmente se pensarmos que temos cinco vitórias em seis jogos disputados no campeonato nacional. Por outro lado, podíamos estar melhor na Top Teams Cup. Tivemos uma má prestação na Roménia, frente ao Constanta. Diante dos sérvios do Vojvodina Novolin NOVI SAD disputámos um jogo muito equilibrado, frente a uma equipa que, a espaços, mostrou um voleibol de excelente qualidade e que é o principal candidato ao primeiro lugar na série. Julgo que ainda está tudo em aberto e o facto de termos de nos deslocar à Sérvia não significa que não cheguemos lá e vençamos o jogo final. No entanto, julgo que o jogo-chave será o próximo, na Hungria, pois se vencermos teremos possibilidades de receber os romenos na Luz com uma maior motivação no próximo dia 6 de Dezembro. P – Terá o Benfica maior capacidade para ganhar mais jogos na segunda volta da Top Teams Cup? R – Penso que sim. Note que com os romenos estivemos muito mal. Vamos jogar muito mais e teremos, igualmente, de ter a noção que eles vão jogar melhor cá do que jogaram lá. Temos de contar com uma equipa mais poderosa do que no jogo da primeira volta e ainda assim ganhar. Quanto aos sérvios, apesar de termos perdido no jogo da Luz, mostrámos alguns dos melhores períodos de voleibol, esta época, durante dois sets e meio, pelo que é imperial manter essa bitola. ”V. GUIMARÃES, SP. ESPINHO, ESMORIZ E BENFICA SÃO OS CANDIDATOS” P – E quanto ao campeonato nacional? R – Quanto ao campeonato nacional, há situações em que temos de ser mais fortes e nas quais temos de trabalhar mais de forma a assumirmo-nos ainda com mais força como candidatos ao título. P – Por falar nisso, quem são os candidatos ao título na A1? R – Existem quatro claros candidatos ao título e outros clubes de segunda linha que decidirão o campeonato na forma como roubarem pontos aos mais fortes. Equipas como o V. Guimarães, Esmoriz e Sp. Espinho têm de se assumir, connosco, como candidatos pois têm capacidade para isso. Não posso acreditar que uma equipa como o Esmoriz, com um cubano, um croata, um sérvio, um dos liberos da selecção nacional e o Pedro Oliveira, brasileiro ex-Sp. Espinho, não seja candidata ao título. Depois há outras como o Castelo da Maia, o Bastardo, o Leixões e o Marítimo, que obrigarão as melhores equipas a jogarem bem, porque senão podem crer que não ganham. P – É este um campeonato mais equilibrado que o do ano passado? R – Sim, o campeonato está muito equilibrado, pois não existe uma equipa que se pode dizer que não tem categoria para ganhar jogos. Todas elas estão fortes, de uma forma ou de outra. ”COMPETITIVIDADE NA EQUIPA TEM DE SER FACTOR POSITIVO” P – Que diferenças encontra entre este Benfica e o da época passada? R – Esta é uma equipa em crescimento, apesar de nós, técnicos, ainda estarmos à procura daquela que é a melhor formação inicial. Trata-se de um plantel onde é difícil descobrir uma base, pois aqui jogam os que estão melhor. Não há muita diferença de valor, logo não temos uma equipa inicial definida, como acontecia a época passada. P – Isso pode incitar à competitividade dentro da equipa, mas pode ser igualmente um factor negativo... R – Mas tem de ser um factor que jogue a nosso favor e não contra nós. Temos alertado os atletas para isso, de forma a que cada um deles continue a ser uma forte opção. Só assim melhoraremos cada vez mais. P – Este tem sido um Benfica em crescendo... R – É evidente que uma equipa nova, com um distribuidor estrangeiro, que fala outra língua e que tem feito tudo para se adaptar rapidamente, não pode estar entrosada desde o primeiro jogo. São coisas que levam o seu tempo e é lógico que, neste momento, o tempo já começa a jogar a nosso favor. P – O que pretende deste Benfica? R – Este é ainda um Benfica um tanto indefinido. Pretendo que seja muito forte na organização do ataque a partir da recepção e claramente uma das melhores equipas a servir no campeonato nacional, de forma a simplificar a organização de bloco e defesa. Perdemos altura e por isso temos de ser mais fortes na defesa baixa e organizados na defesa alta. P – O público tem sido tão importante esta época como foi na temporada passada? R – Sabe que o público benfiquista vai dando cada vez mais força, conforme se vão ganhando jogos. Tem sido um público excepcional. Podem não encher sempre o pavilhão da Luz, mas sabemos que aqueles que lá estão têm sido um apoio muito importante para a equipa. P – E será na Luz que o Benfica disputará este fim-de-semana uma complicada jornada dupla... R – Sabe, são duas equipas distintas. Penso que com o Sp. Espinho teremos de saber desmontar aquela forma rendilhada e matreira deles jogarem, evitando que o Miguel Maia possa criar situações de remate para o Sandro finalizar. Se conseguirmos negar tal situação, penso que podemos ganhar. Já o Bastardo provou, ao ganhar a este mesmo Sp. Espinho, que tem uma boa equipa, pelo que temos de mostrar que eles não têm hipótese. Isso passa por uma entrada muito forte em jogo.