Kaz Patafta

Chama-se Kaz Patafta, tem 17 anos e veio do país dos cangurus para representar, para já, os juniores do Benfica. Em entrevista ao Sportugal, o jovem australiano mostrou-se convicto nas suas capacidades, tendo os objectivos bem delineados na sua cabeça. "A meta a curto prazo é vingar nos juniores, de forma a integrar um dia os trabalhos da equipa principal." O futebolista chegou em Janeiro de 2006 ao nosso país e, como é natural, sentiu algumas dificuldades na adaptação. “A cultura é bastante diferente e foi difícil adaptar-me no início, não em termos de pessoas ou do futebol, mas o facto de estar longe de casa e da família”, começou por confessar. A língua foi naturalmente outro dos obstáculos que o atleta teve - e tem! - de ultrapassar: “Tive aulas no início para aprender a língua e agora cabe a mim falar com as pessoas. Já consigo falar um pouco, mas principalmente percebo um pouco o que diz o técnico. A grande diferença foi ao nível do treinador... É muito bom tacticamente e diferente do que tinha na Austrália.” Relativamente à hipótese Benfica, Patafta conta que surgiu após o Mundial de Sub-17 no Peru, em 2005, onde capitaneou a selecção australiana. Os ingleses do Liverpool e os holandeses do PSV Eindhoven também estiveram na corrida, mas o jogador acabou por optar pelo emblema português. “É um grande clube da Europa e tem reputação em formar jovens atletas. É verdade que houve vários clubes interessados, mas o Benfica foi a melhor decisão para mim”, considerou a jovem promessa. Acrescentou que esteve aos 13 anos no Real Madrid e que essa pequena passagem também influenciou a sua vinda para a Luz. “Ficava perto de Espanha. Se é um dos grandes clubes de Portugal, deve ter todas as condições. Foi isso que pensei na altura”, relatou. Quanto à hipótese Liverpool, Patafta explicou os motivos da rejeição: “O futebol é mais físico em Inglaterra. Aqui é diferente, mais técnico.” Com a longa mudança que fez na sua vida, o australiano espera jogar um dia em jogos oficiais pela primeira formação. “O meu sonho e objectivo é jogar na equipa profissional do Benfica”, atirou o futebolista, que viu Fernando Santos dar-lhe uma oportunidade na pré-temporada. Foi no encontro de apresentação do Estrela da Amadora aos seus associados (15 de Agosto). “Foi uma grande surpresa e é fantástico jogar pela primeira equipa, mas, ao mesmo tempo, sinto que foi para isso que vim”, sublinhou. Patafta revelou que “todos os jogadores foram muito simpáticos, especialmente o Paulo Jorge”. Apesar da chance dada pelo técnico principal das águias, o atleta referiu que Fernando Santos não lhe falou sobre a possibilidade de vir a ser chamado mais vezes no decorrer da presente época, embora treine algumas vezes com o plantel principal. “Quero evoluir” A jovem promessa do futebol australiano quer agora consolidar o seu lugar nos juniores, de maneira a depois convencer definitivamente os responsáveis do clube da Luz. ”As minhas expectativas são ganhar o campeonato de juniores e evoluir como jovem jogador, tornar-me consistente e jogar bem fim-de-semana após fim-de-semana. É fazer o suficiente para impressionar a primeira equipa. Tenho o pressentimento que vai ser uma boa época para mim e para o Benfica”, disse confiante. “Sou um criativo” Patafta é ainda um desconhecido para a maioria dos adeptos do Benfica e do futebol em geral. Como tal, o Sportugal convidou o australiano a fazer a sua descrição enquanto jogador. “No relvado, gosto de dizer que sou um jogador criativo, que gosta de jogar no ataque e que trabalha muito”, começou por referir. “Na última época nos juniores, joguei como número 10 e nesta estou a jogar mais do lado esquerdo, mas é bom para mim alinhar em diferentes posições. Assim podes ser mais útil”, argumentou. O jovem futebolista salientou ainda que é alguém que acredita em si “dentro e fora dos relvados”. “Penso que é importante os jovens jogadores acreditarem primeiro nas suas capacidades. Quando estava no meu país, lembro-me de treinar no parque e de pensar que ninguém da Europa iria ver-me, uma vez que a Austrália fica muito longe de toda a gente. Mas tive sempre a convicção de que iria jogar aqui”, afirmou Patafta. Rui Manuel Mendes