Simão – Botas novas para atacar o campeonato

Fonte
A Bola
Simão era ainda um miúdo quando a mãe lhe apareceu em casa com umas chuteiras dois números acima, «para durar», e «todo o terreno », que é como quem diz, davam para a relva e para o pelado. Foram as primeiras do nº 20 das águias e tinham o trevo da marca que hoje o equipa cravadona pele. Duas décadas depois, é a mesma marca de eleição quem o convida para ir até Madrid apresentar as novas botas, ao lado de craques como Zidane, Kakáou Beckham. Ainda que para o capitão benfiquista não tenha sido bem uma estreia. É que, mal recebeu as novas «Predator» em casa não resistiu em experimentá-las. As regras proibiam que as usasse antes da apresentação, disso o jogador já sabia. Mas e se as pintasse de preto? Não fez mais nada: agarrou num boião de graxa, escureceu-as de uma ponta a outra e enfiou-as na mala que seguiu viagem até Villarreal. «Entrei comas botas na segunda parte do jogo e senti-me bastante confortável», recorda. Vão passar a ser as chuteiras de primeira escolha do capitão encarnado. Têm tudo para o ser. Até porque as botas foram feitas à sua medida. E se Beckham decidiu inscrever-lhes a bandeira de Inglaterra, Simão optou por aquela que é já uma das suas imagens de marca: pôs o nome dos filhos em local bem visível. «O Martim é quem mais marca golos [chuteira direita], mas a Mariana, de vez em quando...». Pai babado Quem o conhece não estranha a atitude do jogador. Simão Sabrosa vive para os filhos, só fala deles. Tanto que o percurso entre o aeroporto e a Cidade Desportiva da Federação Espanhola, Las Rosas, efectuado na companhia de A BOLA, rapidamente se transformou em pretexto para o capitão traçar as façanhas dos petizes: desde as encomendas de autógrafos dos coleguinhas que a Mariana traz diariamente para casa até aos miúdos lá da escola, que atiram a bola de propósito para Simão só para depois a receberem de volta dos pés do craque do Benfica. Quando - Simão chega ao local escolhido pela Adidas para as filmagens da promoção já Raúl, Zidane, Nesta, Riquelme e companhia estavam em pose de apresentação. Simão passa os olhos pelo rol de estrelas até descobrir uma cara conhecida. É para lá que se encaminha. Senta-se ao lado de Xavi, companheiro dos tempos do Barça, que faz uma festa assim que vê o português. «Quando joguei no Barcelona sempre tive uma boa relação com ele», explica. Aperto de mão a Kaká Tímido à chegada, não demorou muito para que Simão trocasse dois dedos de conversa com toda a gente. Afinal, não é todos os dias que está no mesmo relvado que ídolos como Zidane ou Kaká, entre muitas outras estrelas famosas. Ao brasileiro do Milan, o jogador do Benfica fez questão de apertar a mão. E a conversa acabou por se prolongar. Em carteira, Kaká tinha uma série de perguntas sobre o campeonato português. Interessa-se pelo que se passa no País com que partilha a língua. Tanto que a resposta à pergunta sobre quem lidera o nosso campeonato não o surpreendeu. «O Sp. Braga o ano passado também fez uma boa época», disse o brasileiro de pronto. Seguramente bem informado através de... Rui Costa. Pelo fim do dia, o capitão voltou a Lisboa, exausto, mas com fé na caixa de sapatos que trazia debaixo do braço: «Espero que estas botas ajudem a levar o Benfica ao título ». Ele acredita.