Soares de Oliveira: «Não acredito que Vieira se candidate»

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RECORD – Como está o Benfica de finanças? SOARES DE OLIVEIRA – Continua em franca progressão. Tínhamos apontado para que no final deste exercício todas as empresas estivessem próximas do equilíbrio e é isso que se verifica na Benfica Estádio, na Benfica SAD e no próprio clube. RECORD – A continuidade do Simão foi um bom ou um mau negócio? SOARES DE OLIVEIRA – O Simão é um jogador que, como outros, tem um valor de mercado interessante. Mas o Benfica está num ponto de equilíbrio de resultados, facto que nos dá uma perspectiva diferente do que se pode fazer. Não vendemos o passe de nenhum jogador ao longo do ano e não é por isso que deixamos de apresentar resultados equilibrados. Isto significa que o Benfica pode dar-se ao luxo, entre aspas, de vender ou de não vender. É evidente que a venda eventual de um jogador pode permitir uma redução mais rápida do passivo, mas do ponto de vista do equilíbrio de contas isso já não é necessário. RECORD – O Benfica não está obrigado a vender Simão em Janeiro? SOARES DE OLIVEIRA – De maneira nenhuma. RECORD -- A ideia de que o Benfica deveria vender um talento por ano já não é válida? SOARES DE OLIVEIRA – Dissemos que ano a ano o Benfica deveria efectuar cerca de 10 milhões de euros com a venda de jogadores. Mas dissemos também que essa necessidade iria ficar mais reduzida à medida que aumentássemos a captação de receitas como a quotização ou os patrocínios. A necessidade da venda ainda existe mas é muito mais diminuta. RECORD – ... SOARES DE OLIVEIRA – Nós prevemos que o Benfica ultrapasse neste ano os 90 milhões de euros de receitas consolidadas, o que o coloca no patamar dos 20 maiores clubes europeus. Depois, tudo depende de como iremos investir, dos reforços que vamos ter. Isso pode implicar a venda de um jogador mas não é, repito, nenhuma necessidade imperiosa. RECORD – É esse o único caminho: potenciar receitas de patrocínio e outras para não ter obrigação de vender os talentos? SOARES DE OLIVEIRA – Cada caso é um caso. Não me pronuncio sobre os outros clubes portugueses. Analisando o Benfica, digo apenas que, partindo do princípio de que temos uma capacidade de captação de receitas ao nível de um colosso europeu, conseguimos ter dois caminhos pelos quais optar: fazer mais ou fazer menos vendas. Nos casos estrangeiros, todos os clubes equacionam a possibilidade de vender se a situação em causa representar boa oportunidade. RECORD – E a formação de talentos vai passar a aposta estratégica? SOARES DE OLIVEIRA – Hoje em dia, se compararmos a performance do Benfica com a de outros clubes, como o Sporting em concreto, verificamos que estamos mais carenciados. Após a entrada da actual Direcção apostou-se na área da formação com a contratação de um gestor profissional dessa área com provas dadas, o António Carraça. E, a partir do momento em que temos o centro de estágio, criámos condições para alimentar o plantel de forma diferente. Mas, da mesma maneira que o desinvestimento que o clube sofreu nos anos 90 se reflectiu mais tarde, esta política também só terá resultados a médio prazo. RECORD – O Benfica já é o clube mundial com mais sócios? SOARES DE OLIVEIRA – Já. Houve um impulso na sequência do apuramento para a Liga dos Campeões e já ultrapassámos os 156 mil. Este número coloca-nos à frente de qualquer clube a nível mundial porque, segundo os dados que temos, o Manchester United tem cerca de 152 mil e o Barcelona anda na casa dos 142 mil. Queremos dar um salto ainda maior para que não sobrem quaisquer dúvidas quando concorrermos ao Guiness Book como maior clube do Mundo. RECORD – Até que ponto é que o anunciado Canal Benfica vai contribuir para o aumento do número de sócios? Já há data para o arranque? SOARES DE OLIVEIRA – Até ao fim deste mês podemos dar boas notícias aos benfiquistas. Nos últimos tempos houve um conjunto de situações que se desbloquearam e até ao fim do ano acredito que possamos ter o canal no ar. Quanto à importância que lhe atribuímos, posso dizer-lhe que discuti isso com o presidente e que considero o canal uma arma fundamental. Será já essencial para passarmos a nossa mensagem e dar conteúdos aos sócios, mas daqui a cinco, seis anos terá ainda maior peso quando transmitirmos lá os jogos do clube. RECORD – A política de comunicação do Benfica é fechada. É raro ouvir-se a opinião de um jogador. Esse aspecto deve ser revisto? SOARES DE OLIVEIRA – O Benfica tem regras comportamentais para os jogadores que implicam limitações, mas isto não tem nada a ver com blackouts – ninguém no clube é favorável a essa medida. Seria contraproducente porque estaríamos a dar um golpe nas costas dos patrocinadores que querem ser vistos. Com o canal, já o discutimos internamente, a política terá de ser repensada. A aparição de jogadores será maior mas com conta, peso e medida.