Benfica nos quartos-de-final da Taça UEFA

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Todos sabemos que o Paris SG está num péssimo momento da época mas, como vimos no encontro da 1ª mão, estaria tudo em aberto na discussão da eliminatória. O Benfica não fez um mau jogo em França, mas 10 minutos catastróficos custaram uma boa e decisiva vantagem. O problema da 2ª mão subsistia, então, na possibilidade dos franceses marcarem e obrigarem o Benfica a ter uma almofada de dois golos para prosseguir na Taça UEFA. O adversário era mais ou menos fraco, portanto, mas um golo forasteiro complicaria bastante as pretensões da equipa da casa. E com Pauleta à solta as coisas poderiam complicar-se ainda mais! No cômputo geral, a exibição acaba por ser tremida, com 10 minutos muito bons, mas é justo ser o Benfica a passar para os quartos-de-final… principalmente quando ainda atirou 2 bolas ao ferro.

O primeiro grande problema, na abordagem a este jogo, foi a incompreensível opção de Fernando Santos em Moretto. O busílis da questão nem está em relegar Moreira como 3ª opção para a baliza – nem é por aí que se devem basear as críticas –, mas sim em tomar esta decisão quando foi Moreira que substituiu Quim frente à União de Leiria. Qual o sentido de dar esse tipo de confiança a um guarda-redes, fazer sentir que se acredita nele caso o titular se lesione, e depois dar o lugar a outro? E ainda por cima dar a titularidade a um guarda-redes que ainda não conseguiu provou categoria indiscutível no Benfica, mal amado por 80% dos adeptos, e num jogo crucial! Não havia, já, problemas suficientes para lidar?

Simão e Petit enlouqueceram Luz a abarrotar

O Benfica não entrou bem no jogo, algo que surpreendeu, e viu o PSG acercar-se da baliza e causar algum frisson. Pauleta, logo aos 2 minutos, tem uma óptima oportunidade para adiantar a sua equipa no marcador mas remata à figura de Moretto, que sacode para canto. Daí até aos 5/7 minutos os franceses dominaram e aproveitaram algum desnorte do Benfica para manter a bola no meio-campo contrário. Foi com o golo de Simão, após assistência magistral de Nuno Gomes, que o “castelo de cartas” parisiense desabou por completo. O empate tranquilizou o Benfica de forma evidente, levando a um massacre à baliza do internacional francês Landreau. Katsouranis aproveitou novo passe magnífico do #21 e estoira na barra, na sequência do lance Karagounis acerta no poste. Miccoli e Nuno Gomes, na mesma jogada, também têm oportunidades para facturar mas sem sucesso.

Perante tantas oportunidades, nada mais natural que o surgimento do 2-0, mas a forma como tal aconteceu não tem nada de normal. Petit ganha no confronto directo, a bola sobra para Léo, que mete de novo em Petit… e o trinco do Benfica faz um divino chapéu que corta a respiração de todos aqueles que estão grudados na jogada. Foi “audível” o silêncio naquele segundo que a bola sobrevoa Landreau, e bate na malha de dentro da baliza. Foi incrível, foi sublime! A melhor forma do Benfica se adiantar no marcador era, mesmo, com um golo ao nível do melhor que a Europa já viu este ano! Todas as descrições são supérfluas, o melhor é mesmo (re)ver o lance em vídeo.

Tremedeira evitável

Com a eliminatória a seu favor seria expectável que o Benfica tentasse controlar e baixar o ritmo, mas o futebol tem destas coisas. Contra a corrente de jogo, Anderson deixa Pauleta fugir mais uma vez e este mostra todo o seu instinto de goleador, fazendo o golo e empatando a eliminatória. O cabeceamento é impecável mas Moretto não fica isento de culpas. Não é, propriamente, um “frango” mas há claras responsabilidades do guardião benfiquista. E, com este incrível falhanço do sector recuado, o Benfica tremeu e deixou de ser a equipa que se impôs esmagadoramente durante 20 minutos. Os assobios do público também não ajudaram, serviram sim para intranquilizar a equipa de forma ainda mais evidente!

Passaram mais de 40 minutos sem sombra de remates da equipa da casa, e o desespero do público era ainda maior quando não se via qualquer reacção do banco. Houve alguma sorte no facto do empate não ter aparecido e muita azelhice do adversário, em mais uma má 2ª parte por parte do Benfica. A lesão de Karagounis terá tido uma importante fatia de responsabilidade nessa situação. Mas quando já todos víamos o prolongamento ali tão perto, Léo é protagonista de uma jogada ao seu estilo e, depois de um sprint e de duas fintas, é ceifado dentro da área. O indiscutível penalty, a 4 minutos dos 90, garantiu o merecido apuramento. Simão resolveu, como sempre!

Por Pedro Neto

Ficha de Jogo:

2ª mão dos oitavos-de-final da Taça UEFA

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Florian Meyer (Alemanha)

SL BENFICA – Moretto; Nélson, David Luiz, Anderson e Léo; Petit; Katsouranis, Simão e Karagounis (João Coimbra, ao int); Fabrizio Miccoli (Derlei, 76 m) e Nuno Gomes (Paulo Jorge, 90+5 m).

PARIS SAINT-GERMAN – Michael Landreau; Mabiabala (Bernard Mendy, 74 m), David Rozenhal, Traoré e Dramé; Diané, Mulumbu, Jérôme Rothen e Marcelo Gallardo (Ngog, 70 m); Pauleta e Peguy Luyindula (Bonaventure Kalou, 70 m).

Disciplina: Amarelos a Mulumbu (1 e 87 m), Katsouranis (21 m), Rothen (60 m), Diaé (86 m), Nuno Gomes (90+1 m) e Traouré (90+1 m). Vermelho por acumulação de amarelos a Mulumbu (87 m).

Golos: 1-0, Simão (12 m); 2-0, Petit (27 m); 2-1, Pauleta (32 m); 3-1, Simão (88 m, de g.p.).

(O Benfica segue para os quartos-de-final da Taça UEFA, com um agregado de 4-3, onde irá defrontar o Espanyol de Barcelona)