Juvenis A: Benfica 0-1 Belenenses

Em mais um velho derby lisboeta, Benfica e Belenenses encontravam-se hoje em partida relativa à 22ª jornada da competição. Os dois clubes vinham para este encontro com duas realidades bem distintas. O Benfica, primeiro classificado da competição que vinha numa série de 17 vitórias consecutivas, encontrava o Belenenses, quarto classificado com a necessidade de vencer para conseguir um lugar de acesso à segunda fase.

A verdade é que a vitória poderia não bastar pois os jogadores do restelo necessitariam que o Alverca não vencesse na deslocação a Castelo Branco. João Couto e Luiz Filgueira, técnicos de Benfica e Belenenses respectivamente, apostaram num 4x3x3 para conseguir os seus objectivos. Devido a ser um jogo única e exclusivamente para cumprir calendário, João Couto apostou num onze com algumas mexidas em relação ao que tem sido hábito nesta equipa encarnada.

Os onzes

O Benfica fez-se apresentar com Diogo Freire na baliza, Valdo Águamel como defesa direito, Abel Pereira e Dennis Jusic como defesas centrais, actuando o adaptado Pedro Eugénio no lado esquerdo da defesa. Vítor Pacheco ocupou a posição de trinco, jogando Leandro Pimenta e Saná Camara como interiores esquerdo e direito respectivamente. Toumany Sambou foi o avançado do lado direito, Daúde Machude o avançado do lado oposto e Rui Ferreira actuou no centro do ataque.

O Belenenses veio para esta partida também num 4x3x3 idêntico ao do Benfica, com Cláudio Viegas na baliza, João Barros como defesa direito, Nuno Pais e Diogo Oliveira no centro da defesa e Francisco Martins como defesa esquerdo. Hugo Bral actuou na posição 6, jogando à sua frente o box-to-box Rafael Ferreira e Mário Henriques como organizador de jogo. No ataque, Fredy à direita, Daniel Pinto à esquerda e Tiago Almeida no centro.

Um destemido Belenenses

O Belenenses entrou em campo com grande determinação, disposto a conseguir marcar o mais rapidamente possível. Logo no minuto quatro, Daniel Pinto não aproveitou da melhor forma uma falha do guarda-redes Diogo Freire que bateu mal na bola e permitiu um lance de perigo desperdiçado pelo jogador do Belenenses.

O Benfica conseguia controlar a partida a meio-campo, mas não tinha a objectividade necessária para chegar com perigo à baliza defendida por Cláudio Viegas. Numa toada de contra-ataque o Belenenses criava perigo. Fredy sobre a direita ultrapassa Pedro Eugénio em velocidade e de pé esquerdo remata forte para bom encaixe de Diogo Freire.

À passagem do primeiro quatro de hora o Benfica chegou com relativo perigo à baliza do Belenenses. Numa jogada progressiva de Pedro Eugénio, Rui Ferreira ganhou na força física a Nuno Pais e com um bom passe abriu o caminho para Pedro Eugénio correr em direcção à área adversária. Com um bom pique, o jogador benfiquista deixou pelo caminho João Barros e quando se esperava um cruzamento, Pedro Eugénio remata surpreendendo Cláudio Viegas. Valeram os bons reflexos do guardião do Restelo a defender para canto.

O Benfica conseguia nesta fase do jogo um domínio claro da partida. Na jogada seguinte, Leandro Pimenta ultrapassa na passada dois adversários e em esforço remata com relativo perigo ao lado da baliza do Belenenses. Do lado do Belenenses, Daniel Pinto começava a mostrar atributos técnicos muito interessantes.



O avançado do Belenenses combinou bem com Rafael Ferreira que devolvendo o passe ao seu companheiro viu Daniel Pinto efectuar um remate por cima. Daniel Pinto viria a desperdiçar a mais flagrante oportunidade de golo dos primeiros quarenta minutos.

Hugo Bral com um excelente passe para a direita dá o tempo necessário para Daniel Pinto pensar a jogada. O esquerdino com dois excelentes dribles ultrapassou Pedro Eugénio e Dennis Jusic mas não teve a clarividência necessária para conseguir o golo. Boa saída aos pés de Daniel Pinto por parte de Diogo Freire.

O Benfica conseguia novamente assustar. Leandro Pimenta descaído para a esquerda faz um cruzamento muito longo à procura de golo. Toumany não conseguiu a emenda.



Assistia-se a uma primeira parte com domínio territorial do Benfica mas com uma objectividade de jogo muito interessante por parte do Belenenses. Os jogadores do Restelo conseguiam em contra-ataque assustar, e foi em mais uma dessas jogadas que Fredy esteve perto do golo. O jogador do Belenenses recebeu um bom passe de Mário Henriques e depois de ultrapassar em velocidade Valdo Águamel viu Diogo Freire sair a seus pés negando o golo.

O intervalo chegou com o Belenenses a fazer tudo aquilo a que se dispunha à entrada para este jogo. O Benfica não conseguia criar lances pelos flancos e assistia-se a um jogo de muita luta a meio-campo com o Belenenses a ter facilidade em sair rapidamente para o contra-ataque.

Segunda parte de parada e resposta

A segunda parte iniciou-se com o Belenenses a criar perigo. Daniel Pinto, novamente, num remate de longe levou a bola à rede circundante à baliza do Benfica. Com o Benfica a necessitar de uma valente injecção de criatividade no ataque, João couto faz uma substituição aos 50 minutos. Daúde Machude que esteve pouco em jogo foi substituído por André Soares.

Com o decorrer da segunda parte, Leandro Pimenta posicionou-se como trinco, subindo Vítor Pacheco para a posição de interior esquerdo. David Simão rendeu também Rui Ferreira aos 56 minutos. Com a entrada de André Soares, esperava-se que o criativo do Benfica conseguisse debelar os fracos índices de criatividade registados na primeira parte.

Assim que entrou, recebeu no peito um excelente cruzamento de Valdo Águamel. Depois de ganhar as costas de João Barros remata de pé direito para uma excelente intervenção de Cláudio Viegas. O guardião do Belenenses negou o golo encarnado.



O Belenenses viu o seu esforço premiado pelo golo que viria a dar os três pontos aos homens do Restelo. Abel Pereira escorregou quando se preparava para aliviar uma bola, sobrando a mesma para Fredy que abriu no flanco esquerdo para Tiago Almeida. O avançado do Belenenses efectuou um belo cruzamento ao segundo poste onde apareceu Rafael Ferreira completamente sozinho a empurrar de cabeça para o fundo das redes.

Golo muito festejado pelos jogadores e equipa técnica do Belenenses que viam o acesso à fase final estar cada vez mais próximo. Na jogada seguinte, Daniel Pinto com um remate de longe aparentemente inofensivo, viu Diogo Freire complicar o lance quase deixando a bola escapar.

O Benfica estava a ter bastantes problemas para conseguir chegar à baliza adversária, e eram raros os lances em que as jogadas terminavam com um remate. Estava a faltar alguém que conseguisse efectuar o último passe e apenas num lance de génio ou de bola parada seria possível dar um pontapé na fraca objectividade do jogo encarnado.

Depois do golo do Belenenenses, os jogadores do Restelo mudaram completamente tudo o que tinham feito até ao momento festivo. A equipa comandada por Luiz Filgueira passou a actuar muito mais retraída no seu meio-campo e o Benfica conseguiu ter domínio absoluto nos últimos minutos de jogo.



A dez minutos do final do jogo, David Simão cava uma falta à entrada da área do Belenenses. Depois do apito do árbitro, o jogador encarnado tomou a responsabilidade de cobrar a falta por si sofrida e atirou por cima deixando a sensação de golo nas bancadas.

O que é certo é que o golo não acabou por chegar, mas o esforço dos jogadores do Benfica para não perder este jogo merece nota de destaque. Apesar de ter defrontado um adversário muito valioso e de estar apenas neste jogo com a necessidade de cumprir calendário, os jogadores do Benfica não se pouparam e tentaram ao máximo lutar contra as adversidades.



A vitória premeia a grande capacidade objectiva da equipa do Belenenses que conseguiu sempre através de iniciativas de contra-ataque levar perigo à baliza do Benfica. É sem dúvida uma equipa com excelentes elementos desiquilibradores e que merecia melhor sorte neste campeonato nacional. Os jogadores do Restelo não se apuraram para a fase final, pois o Alverca bateu o Desportivo de Castelo Branco.

O Benfica perdeu ao fim de 17 vitórias consecutivas, e terá agora de carregar forças para a segunda fase da competição.

O destaque individual da partida vai para Daniel Pinto e Vítor Pacheco. Daniel Pinto é sem dúvida o melhor elemento em campo, mostrando um pé esquerdo como há poucos em terras lusitanas. Sempre através de jogadas individuais suas, o Belenenses manteve acesa a esperança de passar à fase seguinte. Grande qualidade tem este atleta. Vítor Pacheco acabou por ser o elemento em maior foco da equipa encarnada, pela forma como anulou o principal municiador dos ataques do Belenenses. Mostrou muita segurança e certeza habitual nos capítulos do passe e desarme.

Apreciação individual:

Diogo Freire esteve bem. O guarda-redes encarnado negou por duas ocasiões o golo aos jogadores do Belenenses.

Valdo Águamel não fez um bom jogo. Raramente se superiorizou ora a Fredy, ora a Daniel Pinto. Pedro Eugénio acabou por efectuar melhor jogo que o seu oposto de sector. Esteve seguro a defender e criou desiquilibrios no ataque. Abel Pereira fez uma boa exibição mas acabou por ficar ligado ao golo do Belenenses. Dennis Jusic apresentou-se muito seguro.

Leandro Pimenta falhou muitos passes. Longe do que nos tem habituado, o número 6 encarnado voltará com certeza aos seus melhores jogos. Vítor Pacheco foi o melhor em campo do lado do Benfica. Mostrou muita segurança e certeza habitual nos capítulos do passe e desarme. Sana Camará esteve mal. Agarrou-se muito à bola, não deu a velocidade necessária para as transições.

Rui Ferreira foi o melhor elemento do ataque. Sempre forte nos despiques individuais, continua a convencer. Toumany e Daúde Machude estiveram muito pouco objectivos e criativos. Os três suplentes não trouxeram nada de novo à partida.



Notas individuais:

1. Diogo Freire - 3
2. Valdo Águamel - 2
3. Abel Pereira - 3
4. Dennis Jusic - 3
5. Pedro Eugénio - 3
6. Leandro Pimenta - 3
7. Toumany Sambou - 3
8. Vítor Pacheco - 4
9. Rui Ferreira - 4
10. Saná Camará - 2
11. Daúde Machude - 3

13. Ricardo Caetano - 3
16. David Simão - 3
17. André Soares - 3

Ficha de jogo:

Benfica 0-1 Belenenses

Vitória à Belenenses

Juvenis
Nacional - 1ª Divisão Série C
22ª Jornada

Local do jogo: Caixa Futebol Campus nº1
Tempo: Manhã fria
Assistência: Cerca de 650 pessoas

Árbitro: Paulo Pequeno (Leiria)
Auxiliares: Jodee Lisboa e Ricardo Pereira

Benfica: Diogo Freire, Valdo Águamel (Ricardo Caetano, 60’), Abel Pereira, Dennis Jusic, Pedro Eugénio, Leandro Pimenta, Toumany Sambou, Vítor Pacheco, Rui Ferreira (David Simão, 56’), Saná Camará e Daúde Machude (André Soares, 50’).
Suplentes não utilizados: Hugo Figueiredo, João Carmo e João Pereira.

Treinador: João Couto
Delegado: Pedro Lourenço
Massagista: Hugo Pateira

Belenenses: Cláudio Viegas, João Barros, Diogo Oliveira, Nuno Pais, Francisco Martins, Hugo Bral, Fredy, Mário Henriques, Tiago Almeida (José Ricardo, 63’), Rafael Ferreira (Ruben Simões, 74’) e Daniel Pinto (Filipe Assunção, 80’+3’).
Suplentes não utilizados: Luís Rodrigues, João Damil, Ihsa Sagha e Eduardo Farinha.

Treinador: Luiz Filgueira
Adjunto: Luís Bandeira
Delegado: Manuel Martins
Massagista: Paulo Monteiro

Resultado ao intervalo: 0-0
Marcadores: Rafael Ferreira aos 59 min.
Acção disciplinar: Cartão amarelo para Leandro Pimenta e David Simão do lado do Benfica. Cartão amarelo para Hugo Bral e Fredy do lado do Belenenses.

Melhores em campo: Vítor Pacheco (Benfica) e Daniel Pinto (Belenenses).

Reportagem de André Sabino.