
Arsénio
1943 - 1955
Estatísticas
Officials | Unofficials | ||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Jogos | Minutos | Golos | Cartões (A./V.) | Jogos | Golos | ||
Total | 300 | 27000 | 220 | 43 | 12 | ||
Seniores > 1943/1944 > SL Benfica | 14 | 1260 | 5 | 0 / 0 | 0 | 0 | |
Seniores > 1944/1945 > SL Benfica | 30 | 2700 | 16 | 0 / 0 | 2 | 0 | |
Seniores > 1945/1946 > SL Benfica | 30 | 2700 | 18 | 0 / 0 | 2 | 2 | |
Seniores > 1946/1947 > SL Benfica | 26 | 2340 | 29 | 0 / 0 | 2 | 1 | |
Seniores > 1947/1948 > SL Benfica | 27 | 2430 | 17 | 0 / 0 | 2 | 0 | |
Seniores > 1948/1949 > SL Benfica | 25 | 2250 | 21 | 0 / 0 | 2 | 1 | |
Seniores > 1949/1950 > SL Benfica | 27 | 2430 | 12 | 0 / 0 | 3 | 1 | |
Seniores > 1950/1951 > SL Benfica | 30 | 2700 | 35 | 0 / 0 | 1 | 1 | |
Seniores > 1951/1952 > SL Benfica | 32 | 2880 | 24 | 0 / 0 | 6 | 4 | |
Seniores > 1952/1953 > SL Benfica | 22 | 1980 | 17 | 0 / 0 | 6 | 1 | |
Seniores > 1953/1954 > SL Benfica | 21 | 1890 | 10 | 0 / 0 | 4 | 0 | |
Seniores > 1954/1955 > SL Benfica | 16 | 1440 | 16 | 0 / 0 | 2 | 0 | |
Seniores > 1955/1956 > SL Benfica | 0 | 0 | 0 | 0 / 0 | 11 | 1 |
Deu-se Arsénio a descobrir com a inocência comparável aos pés desnudados gozando com a bola de trapos. Era o brinquedo dos pobres. Também no Barreiro. Sobretudo no Barreiro, terra de operários, de gente laboriosa, mas com vida inclemente. A dos pais dos “homens que nunca foram meninos”, no retrato de Soeiro Pereira Gomes.
Menino não foi Arsénio, o Pinga para os amigos das traquinices e das pelejas nos areais. Na década de 30, Pinga (que era o seu ídolo) era o mais cobiçado dos elogios, já que o jogador do FC Porto, nascido no Funchal resplandecia nos primitivos recintos da bola lusitana.
No inicio da adolescência deu-se o sortilégio. Ofereceram-lhe o palco. No Barreirense se estreou. Foi perante o Sporting, na festa do adeus a Francisco Câmara. “Ainda não tinha 16 anos e quem me marcou foi o Aníbal Paciência. Ao principio estava um pouco enervado, mas, depois, serenei e perdi o respeito ao valoroso jogador do Sporting”. Arsénio viria a sagrar-se esse ano, campeão nacional da II Divisão, consumado o triunfo (6-1) sobre a Sanjoanense, nas Amoreiras, com gente ilustre do Benfica atenta ao desenrolar do encontro.
Na companhia de Moreira, o conhecido Pai Natal, Arsénio ainda tentou a sorte no mais reputado Vitória de Setúbal, mas do reputadíssimo Benfica chegou a proposta. Recebeu seis contos pela assinatura e 750 escudos mensais daí para a frente. Mas continuou a trabalhar como aprendiz de serralheiro, mais tarde oficial, na CUF. De cacilheiro viajava, com toque madrugador, às 5.45 horas. Era assim três vezes por semana. Treinava-se pela manhã, trabalhava à tarde. Foi assim durante anos. In illo tempore.
Com apenas 18 anos, a 19 de Dezembro de 1943, Arsénio envergou pela primeira vez a camisola do Benfica. Logo aos cinco minutos, disse ao que ia, apontando o primeiro golo. Foi no Campo Grande, nesse triunfo (5-1), ante o Vitória de Guimarães. Titularidade garantida, a ouro fechou a temporada, através da conquista da Taça de Portugal, na maior goleada (8-0) de sempre, com o Estoril Praia.
Actualmente, Arsénio seria número 10. Nesses tempos, actuava como interior-direito. De baixa estatura, era rápido, driblava bem e tinha apurado instinto de golo. Em 446 jogos pelo Benfica marcou 350 golos. Trezentos e cinquenta que a imponência merece escrita por extenso. Até aos nossos dias, só Eusébio, José Águas e Nené mais golos fizeram. Sempre a dissertar na sua linguagem favorita, ganhou a idolatria das massas, o carinho dos companheiros, o respeito dos antagonistas. Um dia, frente ao Estoril Praia, na vitória (7-0), fez seis golos. Melhor ainda, em plena festa de inauguração do Estádio das Antas, marcou cinco, fazendo os nortenhos……perder o Norte!
Numa dúzia de temporadas, venceu três Campeonatos e seis Taças de Portugal, quatro delas consecutivas. Mentalmente forte, adepto dos grandes ambientes e decisões, nunca perdeu uma Taça. Que o digam o Sporting (duas vezes), o Estoril, o Atlético, a Académica e o FC Porto. E quase sempre com golos probatórios dos seus amplos recursos de finalizador. Como aquele, memorável e decisivo, que marcou ao Bordéus, na final da Taça Latina. Os franceses estavam em vantagem, por 1-0, desesperavam as hostes encarnadas, quando, a 15 segundo do fim, Arsénio restabeleceu a igualdade. Jogaram-se dois prolongamentos, até que Julinho haveria de selar o primeiro grande triunfo europeu do Benfica.
Na Selecção Nacional, por ironia, não fez mais que dois golos, ambos com a Espanha. O talentoso Manuel Vasques, grande amigo de infância no Barreiro, barrou-lhe também o lugar, numa altura em que a maleabilidade táctica vinha ainda distante. Quando o brasileiro Otto Glória ingressou no Benfica, outros ventos sopraram, os ventos do profissionalismo. Já na casa dos trinta, Arsénio optou por abandonar o clube e aderir ao projecto da CUF, empresa onde mantinha o seu posto de trabalho. Com 33 anos, para mal dos pecados dos benfiquistas, seria ainda o melhor goleador do Nacional.
Exibiu o requinte dos predestinados, naquela relação apaixonada pelo golo. Arsénio marcou mais, muito mais, que uma geração do Benfica. Arsénio marcou o Benfica.
Épocas no Benfica: 12 (43/55)
Jogos: 298
Golos: 220
Títulos: 3CN, 6 TP, 1 Taça Latina
Texto: Memorial Benfica, 100 Glórias
Copiado de Ednilson
Titles
![]() |
Campeonato Nacional (3) | |
![]() |
Taça de Portugal (6) | |
![]() |
Taça Latina (1) |