
Veloso
1980 - 1995
Estatísticas
Officials | Unofficials | ||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Jogos | Minutos | Golos | Cartões (A./V.) | Jogos | Golos | ||
Total | 541 | 45124 | 8 | 117 | 5 | ||
Seniores > 1980/1981 > SL Benfica | 36 | 2289 | 0 | 0 / 0 | 5 | 1 | |
Seniores > 1981/1982 > SL Benfica | 39 | 3184 | 2 | 0 / 0 | 9 | 1 | |
Seniores > 1982/1983 > SL Benfica | 28 | 2418 | 3 | 1 / 0 | 8 | 0 | |
Seniores > 1983/1984 > SL Benfica | 15 | 1101 | 0 | 0 / 0 | 8 | 1 | |
Seniores > 1984/1985 > SL Benfica | 13 | 764 | 1 | 0 / 0 | 7 | 0 | |
Seniores > 1985/1986 > SL Benfica | 45 | 3803 | 0 | 0 / 0 | 6 | 1 | |
Seniores > 1986/1987 > SL Benfica | 43 | 3870 | 0 | 1 / 0 | 9 | 0 | |
Seniores > 1987/1988 > SL Benfica | 34 | 2936 | 0 | 2 / 1 | 10 | 0 | |
Seniores > 1988/1989 > SL Benfica | 46 | 4095 | 2 | 2 / 0 | 14 | 0 | |
Seniores > 1989/1990 > SL Benfica | 42 | 3739 | 0 | 3 / 0 | 8 | 1 | |
Seniores > 1990/1991 > SL Benfica | 41 | 3690 | 0 | 3 / 0 | 9 | 0 | |
Seniores > 1991/1992 > SL Benfica | 49 | 4107 | 0 | 3 / 0 | 8 | 0 | |
Seniores > 1992/1993 > SL Benfica | 43 | 3680 | 0 | 2 / 0 | 9 | 0 | |
Seniores > 1993/1994 > SL Benfica | 30 | 2508 | 0 | 4 / 0 | 4 | 0 | |
Seniores > 1994/1995 > SL Benfica | 37 | 2940 | 0 | 11 / 1 | 3 | 0 |
Se jogador no Benfica houve campeão da polivalência, Veloso foi. Para ele, actuar na retaguarda, à direita, à esquerda, ao meio, era igual. Actuar na intermediária, à direita, à esquerda, ao meio, igual também. Veloso era daqueles que queriam jogar. Jogar no Benfica. Jogar à Benfica. Jogar e receber o aplauso da plateia. Pelo esforço, pelo sacrifício, pelo combate. Pela emoção, pela alegria, pela raça. Com características defensivas, a Veloso como que competia jurisdicionar umas das áreas da batalha. À direita, à esquerda, ao meio, pouco importava. E também mais parecia ser ele a desfraldar a bandeira. Da luta, da garra, da vitória. Do Benfica.
Nasceu em 1957, ano em que se iniciaram as transmissões regulares de televisão em Portugal. Na pacata São João da Madeira, terra de tradições futebolísticas, afamada também por recepcionar uma próspera indústria de calçado. Aos 11 anos, começou a trabalhar numa fábrica desse ramo, ainda que o futebol já lhe despertasse o mais guloso dos apetites. Dois anos depois, inscreveu-se na Associação Desportiva Sanjoanense, que representou durante cinco temporadas, de juvenil a sénior. Nessa altura, na retina tinha ainda um fabuloso golo de Eusébio, que as redes da Sanjoanense havia furado, tão violento saiu o pontapé. Era o benfiquismo a dar sinais. Por isso, após duas temporadas no Beira Mar e a rejeição de propostas do FC Porto e Sporting, Veloso rumava à Luz, no inicio da temporada 80/81, já na condição de internacional das camadas jovens portuguesas.
Com 23 anos, estreou-se de águia ao peito, numa digressão, em Toronto, frente ao Pannellenie, clube canadiano da comunidade grega local. A vitória sorriu, por 4-0, tendo Veloso entrado no reatamento para o último golo marcar, num cirúrgico remate de fora da área. Conquistou o torneio, conquistou também um lugar na equipa.
Era a época de 80/81, com o húngaro Lajos Baroti no comando técnico. O Benfica venceu tudo a nível doméstico, o Campeonato, a Taça de Portugal, a Supertaça Cândido de Oliveira. Nené foi Bola de Prata, símbolo do melhor goleador do Nacional. Com Bento, Pietra, Humberto Coelho, Carlos Manuel, Alves, Shéu e Chalana, entre outros, só falhou uma competição europeia. Foi por um triz, já que às meias-finais da Taça dos Vencedores das Taças haveria de chegar a novel equipa de Veloso.
A Selecção abriu-lhe as portas. Por 40 vezes haveria de ouvir os acordes do Hino Nacional. Esteve no Euro 84, em França, onde jogou frente à Alemanha, após ter substituído o portista Frasco. Falhou o México 86, por uma daquelas nódoas que deixam marcas para sempre. Acusou positivo num controlo anti-doping, requereu a contra-análise e o resultado foi negativo. Clamou pela sua inocência, mas já não foi a tempo, terminado estava o prazo para a entrega da lista de seleccionados. Anos depois, na Antas, numa jornada deslumbrante, Portugal haveria de bater a mágica Holanda, de Gullit, Rijkaard e Van Basten. Foi com um golo solitário do benfiquista Rui Águas. Veloso actuou a defesa-central, numa altura de crise no sector, saindo-se a contendo, na elegância da veterania.
Pelo Benfica, conquistou sete Campeonatos, seis Taças e três Supertaças. Efectuou 658 jogos, com expressão de grande versatilidade. Na cortina defensiva, 546 a titular (309 à direita, 224 à esquerda, 13 ao meio). No miolo, 69 também de inicio (17 à direita, 18 à esquerda, 34 ao meio). É o recordista de presenças nas competições europeias (77). Como capitão da equipa, actuou 322 vezes. Quedou-se a seis jogos apenas de Mário Coluna, o Monstro Sagrado, aquele que mais vezes colocou a fita no braço esquerdo.
“Acho que fiz uma carreira bonita e só tenho pena que o maldito penálti da final dos Campeões me seja sistematicamente atirado à cara”. Pois é, a cada vez mais actual tendência de ver as coisas pela negativa. Foi a grande hipótese de o Benfica voltar, ao cabo de precisamente uma vintena de anos, ao galarim do futebol europeu. No final do tempo regulamentar, ante o PSV, subsistia a igualdade a zero. Nada se alterou no sofrido prolongamento. Cinco remates certeiros e consecutivos para cada lado. Na sexta tentativa, ele que não tinha sido indigitado para a série inaugural, Veloso desferiu o mais incompetente remate de toda uma vida. O Benfica não era campeão da Europa.
Ainda teve alguns anos para se ressarcir daquela imoralidade. Com novas conquistas, outras glórias. Não tão grandes, mas sempre glórias. E a maior glória de Veloso é ter cativado um lugar à luz da Luz.
Épocas no Benfica: 15 (80/95).
Jogos: 536
Golos: 8
Títulos: 7CN, 6TP, 3ST
Texto: Memorial Benfica, 100 Glórias
Copiado de Ednilson