AÍ ESTÁ O HISTÓRICO PENTA!

Num dérbi eletrizante e com um ambiente incrível, o Benfica conquistou o quinto título consecutivo, ao vencer o Sporting, por 3-1, no 5.º jogo da final do play-off do Campeonato Nacional.

Está conquistado o Pentacampeonato de voleibol! No jogo 5 da final do play-off do Campeonato Nacional, o Benfica bateu o Sporting, por 3-1, e ergueu o quinto troféu consecutivo da prova, o 12.º da história da secção.

Presente no Pavilhão n.º 2 da Luz, o Presidente Rui Costa cumprimentou um a um todos os jogadores do Benfica antes de o público entoar o Ser Benfiquista com os cachecóis ao alto. Estava dado o mote para uma noite repleta de emoções e de uma enorme demonstração de querer e ambição por parte das águias.

E foi de um susto que nasceu a fuga da equipa de Marcel Matz no 1.º set. Quando o marcador assinalava 5-6, um choque de cabeças entre Ivo Casas e Felipe Banderó deixou o primeiro bastante mal tratado. A maca chegou a entrar na quadra, mas o líbero encarnado levantou-se, recompôs-se e, minutos depois, mesmo com um dente a abanar, já puxava pelo público quando um video check pedido pelo Sporting não detetou qualquer irregularidade no 10-8.

Aos 14-10, o treinador leonino pediu o primeiro timeout e o público ergueu-se no apoio às águias. "Vermelho é o coração, Benfica a nossa paixão", cantou-se, perante a exibição personalizada da equipa. Galvanizado, o Glorioso chegou ao 15-10, e o rosto de Felipe Banderó ficou do tom da camisola vermelha a festejar o ponto!

À boleia do serviço agressivo de Kevin Kobrine, o Sporting ainda esboçou uma reação e conseguiu reduzir para 22-21. Uma vez mais, os adeptos da casa saíram em defesa das suas cores e só deu Benfica até ao 25-21 sentenciado por Japa. A comunhão entre público e equipa era evidente e decisiva.

O 2.º set não foi tão bem conseguido por parte do Benfica. Mais agressivo no serviço e no ataque, o Sporting colocou em dificuldade os encarnados, que foram acumulando erros não forçados. Com 9-12 e 14-18, Marcel Matz pediu dois timeouts. De joelho no chão, o treinador procurou acalmar a equipa e incentivar a reação, mas esta revelou-se incapaz de reentrar na discussão do set, que terminou 16-25. Apesar do resultado, a equipa saiu de quadra ovacionada e, da bancada, gritou-se "Bora!".

E, como se tivessem recebido uma folha de papel em branco, as águias souberam reescrever a história da partida no 3.º set. O bloco que originou o 6-3 levantou o público, e o 10-6, conquistado após um salto de Felipe Banderó, que deixou a bola ir para fora, colocou-o ao rubro. Um portentoso remate do oposto brasileiro sentenciou, posteriormente, o 16-9 após um longo rally, e já ninguém conseguiu ficar sentado!

Cantando ao desafio, as duas bancadas centrais transformaram o Pavilhão n.º 2 num inferno, enquanto, na amovível colocada num dos topos, jovens oriundos da formação batiam com os pés na estrutura metálica. Acusando o toque, o Sporting não conseguiu contrariar o ímpeto do Benfica, que venceu de forma clara por 25-15. Se dúvidas havia sobre a importância do fator casa, estavam rapidamente dissipadas.

O 4.º set começou ao tom do Ser Benfiquista, novamente entoado pelo público. Com os leões a jogarem o tudo ou nada pela sobrevivência na partida, o Benfica correu atrás do prejuízo até ao 13-13, conquistado após um bloco de Lucas França. Os pontos seguintes foram disputados até ao limite por duas equipas a praticarem um excelente voleibol.

A fuga do Benfica para a vitória começou a desenhar-se no 19-18, quando um ás de Japa se seguiu a um video check pedido pelo Sporting de toque na rede que não existiu. Sentindo o ascendente das águias, o público vislumbrou o Penta no horizonte e contagiou a equipa com o volume no máximo. Por entre o turbilhão de emoções, Marcel Matz foi o pêndulo de equilíbrio, mantendo os jogadores focados com constantes instruções para a quadra.

O 24-21 ainda foi alvo de novo video check pedido pelos leões, que não detetou falta na linha, e Japa foi o homem eleito para as decisões. Nos dois primeiros match points, o zona 4 esbarrou no bloco verde e branco, mas à terceira, mesmo não superando a defesa, viu a bola ir para fora após tocar num adversário. Exausto, caiu de joelhos e foi abraçado por toda a equipa. Explosão de alegria no Pavilhão n.º 2 da Luz! Estava conquistado o histórico Pentacampeonato!

O grito preso na garganta foi, finalmente, libertado. "E o Benfica é campeão", cantou-se em coro, enquanto as equipas, com fair play, se cumprimentavam junto à rede. Seguiram-se abraços apertados entre os jogadores do Benfica, alguns deles emocionados com o título. Ivo Casas, Rapha e Bernardo Westermann, vítima de uma lesão grave que o afastou durante grande parte da época, deixaram cair algumas lágrimas antes da exibição de um vídeo nos ecrãs gigantes alusivo à caminhada rumo ao Penta.

Devidamente trajados com camisolas e cachecóis personalizados, jogadores e staff deram a volta olímpica e sentiram o carinho do público antes da cerimónia protocolar de entrega do troféu. Perante a guarda de honra do adversário, o plantel encaminhou-se para o palco. O treinador Marcel Matz e o capitão Hugo Gaspar foram os últimos a chegar e ouviram as maiores ovações da noite, antes de o camisola 8 erguer, finalmente, o desejado troféu. Já na companhia das respetivas famílias, os jogadores tiraram as fotografias da praxe de uma noite inesquecível que terminou ao som (como não podia deixar de ser) do We Are The Champions.

DECLARAÇÕES

Marcel Matz (treinador do Benfica): "Fico muito feliz pelo trabalho de todos, do pessoal que está de preto e de cinzento [staff], e pelo dos jogadores, que sempre acreditaram e trabalharam duro, independentemente da situação. Merecem o Pentacampeonato. São jogadores incríveis, de um caráter muito forte. Representam muito bem o Benfica. Estou feliz, foi uma época difícil. Vamos, com calma, analisar tudo o que aconteceu, mas, agora, é aproveitar. O Pentacampeonato é difícil. Tivemos o ano da pandemia, em que estávamos invictos, e, por isso, são seis anos sem perder. É uma grande história. [O que torna a equipa especial?] Eles trabalham forte, têm uma química grande. A equipa técnica tem competência. Não eu, mas atrás de mim. Respeitamos toda a gente, e isso faz a diferença. Não digo que os outros não façam, mas vamos sempre respeitar os adversário e entrar com tudo para ganhar. Os adeptos são incríveis, merecem o Penta."

Hugo Gaspar (capitão do Benfica): "Conseguimos uma coisa que nunca tinha acontecido, um Pentacampeonato. Estamos de parabéns. Demonstra o trabalho que tivemos. Foi uma época difícil, de muito trabalho e desafios, mas conseguimos atingir o nosso grande objetivo, que era ser campeão nacional. Agora, temos de desfrutar de tudo o que fizemos. Temos tido a hegemonia do voleibol, é uma equipa que está construída há muitos anos, muito coesa, e isso tem sido o segredo da vitória. É a coesão que existe e a qualidade dos seus jogadores que têm feito a diferença quando é preciso. Estamos todos de parabéns. Os Benfiquistas que aproveitem e festejem connosco. Sabem que, no voleibol, damos tudo o que temos. Temos tentado dar as maiores alegrias, e acho que a emoção que se sente neste pavilhão é de louvar. Deve haver poucas modalidades que vibram tanto, ao longo de cerca de duas horas, como aqui."

Japa (zona 4): "Muita alegria, muito trabalho da equipa toda. É difícil falar que não merecíamos, tinha de acabar assim. Vês tantos jogadores a darem o melhor todos os dias. O outro lado também dá o melhor, nós sabemos, mas, em casa, com os nossos adeptos, tinha de cair para nós. Ficamos muito felizes. Eu fico muito feliz por fazer parte da história. É o meu 5.º ano aqui [no Clube], mas sei que vem de há muito tempo. Agradecer a quem está desde o começo neste projeto. A Mística acontece aqui, de verdade. Quando os adeptos gritam 'Benfica', não há outra forma, a bola cai para nós, o ponto é nosso. Não dá para explicar."

Ivo Casas (líbero): "Não é todos os dias que se ganha o Pentacampeonato, e acho que tem uma importância maior por ser o primeiro da história do Campeonato. Conseguimos aqui um recorde também. Estamos muito satisfeitos, queríamos muito. Disse, antes do jogo, não saber quem merecia mais, mas que ia ser definido por quem quisesse mais. Nós quisemos muito! Pavilhão ao rubro, o tempo todo. Saí do [Pavilhão] João Rocha com a certeza de que íamos ser campeões aqui, e fomos. Os adeptos são fantásticos, incansáveis do primeiro ao último minuto e ponto. Perdemos o 2.º set, por uma diferença gigante, e não se calaram, não tiveram um momento de baixar os braços, acreditaram sempre em nós, e isso só nos dá mais força para acreditarmos ainda mais em nós próprios. Uma palavra de agradecimento especial para eles [adeptos]. Felizes por termos dado este título uns aos outros, ao Benfica e aos adeptos. A minha filha nasceu em Itália e faltei segunda, terça e quarta aos treinos para ir vê-la e tive de voltar para jogar as finais. Só estive três dias com ela e quero recuperar essas duas semanas em que não estive presente."

Pablo Natan (zona 4): "Sem dúvida, foi uma época cansativa. Exigiu muito da equipa. Tivemos novas peças a entrar e, para mim, era uma época muito importante por ter a oportunidade de jogar mais. Terminar a época com este Pentacampeonato é a coroação do trabalho que foi feito ao longo da temporada inteira. Conseguimos superar as dificuldades, saímos de momentos adversos, principalmente contra o Sporting, que, neste ano, montou uma equipa muito forte, e não posso deixar de os parabenizar. Terminar assim é a coroação perfeita que qualquer jogador deseja. O meu crescimento tem muito a ver com o coletivo, pela ajuda dos mais velhos, como o Rapha. Este sentimento de família ajudou-nos a chegar muito fortes e unidos à final, e a conseguir o Pentacampeonato. O mais bonito da equipa é a gana de vencer sempre, e, ano após ano, tem vindo a provar os motivos de ser campeão."

Felipe Banderó (oposto): "É um dia muito feliz para mim, para a equipa e para a equipa técnica. Trabalhámos duro, a temporada foi longa, com cinco jogos na série da final. Acreditava que, hoje [sábado, 4 de maio], fazíamos a festa. Estou muito feliz por fazer parte da Família Benfica, por ouvir os adeptos gritarem o meu nome. O Benfica mereceu e fez o que tinha a fazer. Ganhámos em casa, levámos a série com dificuldade, mas soubemos superar-nos nos momentos de dificuldade. Os adeptos são o nosso 7.º jogador. Empurram-nos e estão connosco, esteja fácil ou difícil."

Tiago Violas (distribuidor): "Muito feliz. Parabéns à equipa do Sporting, fez uma grande final e um grande campeonato. Sabíamos que ia ser difícil, apesar de termos sido mais regulares no Campeonato e por termos garantido o fator casa. Sabíamos que ia ser importante, isso ficou provado durante este play-off final. Muito feliz pela época, foi muito difícil, trabalhámos muito. Merecido pela nossa postura, lutámos até ao fim. Estamos todos de parabéns."

Lucas França (central): "Não tenho muito a dizer, é fruto do nosso trabalho no dia a dia. Os jogadores e a equipa técnica dão o máximo para fazer com que isto seja a realidade. O nosso domínio, aqui, em Portugal, é fruto do que sacrificamos todos os dias, tanto o estar em família, como o estarmos aqui a dar o nosso máximo. Só temos a agradecer a todos os que nos apoiam, aos adeptos, que fizeram uma festa linda e impressionante. Mais um Pentacampeonato para o nosso Clube, mais um título conquistado, e ainda há muita história a escrever pelo Clube. Cada ano tem a sua história, e este foi um pouco duro para nós. Falhámos uma Taça [desaire na meia-final da prova-rainha] para esta equipa [Sporting], que tem todo o mérito em tê-la conquistado. Fez uma série muito dura contra nós, mas mostrámos que, em casa, mandamos nós. O fator casa foi a nossa arma. Tudo isto é fruto de muito trabalho e destas pessoas que nos apoiam."

Eduardo Brito (central): "Foi um Campeonato muito bem disputado da nossa parte e do Sporting. Conseguimos garantir o fator casa, que fez uma diferença considerável na final. Conseguimos a vitória com a força dos nossos adeptos. Foi difícil. Foram 260 dias a trabalhar duro, com treinos bidiários, muito suor e dedicação. Este grupo é muito coeso e adaptei-me muito bem. Já trabalho com eles há três épocas, mas neste ano tive oportunidade de estar mais vezes nos 14 eleitos. É muito gratificante. Quero continuar a trabalhar para alcançar os meus objetivos, mas, agora, temos de desfrutar este momento magnífico."

Bernardo Silva (líbero): "Tal como no passado, levaram-nos ao jogo 5 e as duas finais foram muito duras. Talvez esta tenha sido mais pesada porque tínhamos sido eliminados da Taça por eles. Desde que estou no Benfica foi o título mais difícil e o que mais puxou por nós a nível físico e mental. O fator casa fez-se sentir. Este ambiente eleva-nos. Se estamos cansados, deixamos de estar cansados. Eu como Benfiquista arrepio-me, e mesmo quem não é Benfiquista começa a ser por causa disto. É muito importante e esperamos ter cada vez mais adeptos ano após ano. Agora, vamos lutar por batermos mais recordes."

FICHA DE JOGO

Formação inicial do Benfica: Ivo Casas (L), Pablo Natan (8), Pearson Eshenko (9), Felipe Banderó (17), Lucas França (9), Tiago Violas (1) e André Aleixo (17) 

Suplentes: Raphael de Oliveira (0), Bernardo Silva (0), Peter Wohlfahrtstätter (NJ), Hugo Gaspar (0), Luís Rodrigues (0), Eduardo Brito (L, NJ) e Nuno Marques (NJ)

Informação do Jogo: https://www.slbenfica.pt/pt-pt/agora/noticias/2024/05/04/voleibol-benfica-sporting-jogo-5-final-play-off-campeonato-nacional