Fonseca estava livre...

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Sportugal
Fonseca estava livre... Quem tramou o Benfica? O Benfica contratou Kikin ao Cruz Azul em Julho deste ano. No entanto, a Federação Mexicana e um dos mediadores no negócio garantem que o avançado não tinha contrato com o clube e era, naquela altura, um jogador livre. Para onde foram os dois milhões de euros que alegadamente José Veiga, em nome dos encarnados, negociou com o emblema mexicano? O Sportugal conta-lhe como tudo se passou, quando se fala numa possível transferência do jogador já em Janeiro... Kikin Fonseca chegou a Portugal a 27 de Julho para assinar pelo Benfica. O jogador mexicano marcou um golo à selecção portuguesa no Mundial da Alemanha e chamou a atenção dos clubes nacionais, tendo afirmado no final dessa partida que gostava do Sporting. O avançado acabou por transferir-se para o outro lado da Segunda Circular, com o Benfica a pagar cerca de dois milhões de euros ao Cruz Azul, seu anterior clube. Esta é, pelo menos, a versão oficial da história. No entanto, todos os dados indicam que Fonseca era um jogador livre e não tinha qualquer vínculo contratual com o Cruz Azul no momento da sua transferência para a Luz. O que coloca, à partida, uma questão pertinente: por que pagou o Benfica dois milhões de euros por um jogador livre? “O Kikin era um jogador livre quando saiu do México. Não tinha qualquer contrato registado na Federação por parte do Cruz Azul”, afirma ao Sportugal Maurício Savalla, director do gabinete de imprensa da Federação Mexicana de Futebol (FMF). Zlatko Petricevic, o croata que negociou, juntamente com Zdenko Ilicic (agente FIFA), o jogador para o Benfica, esclarece: “Kikin não tinha qualquer contrato aquando do Mundial. Era um jogador livre e foi sempre nesse pressuposto que avançaram as negociações com o Benfica.” Custo zero? Certo é que a própria FMF confirma que o passe ficou na posse do jogador e que Kikin não tinha qualquer vínculo contratual. “Ele não tinha contrato com o Cruz Azul, por isso entregámos o passe internacional ao jogador. Ele não poderia jogar no estrangeiro se tivesse alguma dívida ou algum contrato em vigor aqui”, garante o responsável da Federação azteca. A FMF informou o Sportugal que não pode facultar o acesso aos contratos nem aos registos de inscrição visto serem dados privados e a lei mexicana não o permitir. Questionado sobre os contornos que envolveram a chegada de Kikin Fonseca, um responsável do Benfica diz que o clube “não comenta nenhuma transferência”. Já o Cruz Azul afirma que o avançado “tinha contrato” com o clube na altura em que se deu a transferência para Portugal - versão corroborada pelo futebolista quando chegou a Portugal. No entanto, quando confrontados com a posição da Federação mexicana, os responsáveis do clube não souberam esclarecer por que razão o organismo que dirige o futebol daquele país não tinha qualquer registo de contrato de Kikin Fonseca, à altura da transferência para Portugal. Segundo o Sportugal apurou, Kikin teve uma proposta do Cruz Azul para renovar, mas o jogador acabou por não assinar novo vínculo devido a não concordar com uma cláusula que lhe permitiria receber 10% de uma eventual transferência para o estrangeiro. Petricevic explica que, na altura das negociações, Billy Alvarez, presidente do clube mexicano, lhe tinha garantido que havia “um acordo de palavra com o jogador para mais um ano e meio de contrato". A confirmar-se que o contrato não chegou a ser assinado, legalmente Kikin era um jogador livre e o Benfica nada tinha de pagar ao emblema mexicano pela aquisição do futebolista. Os “estranhos” contornos do negócio Kikin chegou a Portugal no dia 27 de Julho, e foi apresentado como jogador do Benfica no dia seguinte. A imprensa portuguesa da altura refere um valor aproximado de dois milhões de euros alegadamente pagos pelo Benfica ao Cruz Azul. A imprensa azteca não cita valores referentes ao negócio, e Alfredo Alvarez (vice-presidente do Cruz Azul) afirmou à Notimex, agência de notícias do México, que não revelava os montantes envolvidos no negócio com o Benfica. E a dúvida mantém-se quanto aos contornos monetários desta transferência... Segundo um dos mediadores nas negociações, Zlatko Petricevic, Kikin Fonseca assinou um contrato de quatro anos com o Benfica, no valor total de três milhões de euros – limpos – de salário. Ilicic, juntamente com Petricevic, reclama 10% deste valor pelo trabalho de intermediação e representação de Kikin no negócio que o levou ao Benfica. Os dois croatas tinham feito saber que entregaram uma queixa na FIFA, no final de Setembro, pelo não pagamento deste valor. O organismo máximo do futebol mundial confirmou ao Sportugal que recebeu esta queixa contra o Benfica e que o caso está a ser analisado pelos meios competentes. No entanto, a FIFA recusou comentar quais poderão ser as sanções ao clube português, no caso de ser dada razão ao empresário croata. “Como o caso aguarda solução, não estamos em posição de fazer qualquer comentário até que o mesmo esteja concluído e a decisão seja comunicada a ambas as partes”, lê-se na resposta da FIFA, que também não adiantou qualquer prazo para a resolução do problema. Petricevic acusa José Veiga de ter feito o negócio à revelia dos intermediários, que têm na sua posse um fax, já entregue na FIFA, em que o ex-director geral do Benfica reconhece o croata como responsável por contactos anteriores com o Cruz Azul. Segundo o mediador no negócio, quando tudo estava praticamente resolvido, Veiga deslocou-se ao México e terá finalizado a transferência, à revelia de Ilicic e Petricevic. Com quem terá José Veiga negociado e fechado o negócio? Nem o Cruz Azul nem o Benfica fornecem dados sobre os valores envolvidos, quando seria de todo o interesse os encarnados anunciarem a aquisição a custo zero. Se Kikin era o detentor do seu próprio passe, terá sido o jogador mexicano a receber parte do dinheiro da sua transferência para Portugal? Os tais dois milhões de euros... Talvez quando a FIFA comunicar a decisão sobre a queixa contra o Benfica se possam aclarar alguns dos estranhos contornos deste negócio.