João Pinto assumiu ter mentido e passou a arguido

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João Pinto entrou ontem nas instalações da Polícia Judiciária (PJ) como testemunha e saiu como arguido. O jogador depôs no processo que envolvia José Veiga, ex-director-geral do Benfica, e terá assumido ter cometido o crime de falsas declarações, no interrogatório feito na Polícia Judiciária o ano passado. João Pinto terá dito que, afinal, recebeu os 3,2 milhões de euros de comissão, que a PJ acreditava terem ficado na posse de José Veiga. Poderá agora vir também a ser indiciado pelo crime de fraude fiscal. O volte-face deste processo já era previsível, conforme o PÚBLICO tinha antecipado, mas a nova versão apresentada pelo jogador também não terá convencido os investigadores. Designadamente devido às explicações dadas pelo atleta, que terá garantido que a mentira usada durante o primeiro interrogatório serviu para proteger o Sporting. Terá assegurado agora - um ano depois de ter garantido que nunca vira o dinheiro - que os quatro milhões propostos a título de prémio de assinatura foram transformados em pagamento de direitos desportivos a pedido do clube de Alvalade. E terá sustentado que o montante acordado seria líquido e que quem deveria arcar com o pagamento das despesas fiscais era o clube e não ele próprio. João Pinto terá também entregue ontem aos investigadores da Polícia Judiciária a cópia do aditamento ao contrato que assinara no mesmo dia em que aceitara representar o Sporting por quatro épocas. Nesse documento a verba é efectivamente referida como um prémio de assinatura, mas não há qualquer referência de que se trata de dinheiro líquido ou bruto. Esse documento foi revogado cinco anos depois (o ano passado), altura em que João Pinto recebeu os 800 mil euros que ainda estavam em falta. O jogador do Sporting de Braga terá ainda confirmado outras passagens das declarações de José Veiga no mesmo processo. Terá negado, por exemplo, que aquele o tivesse acompanhado nas negociações como empresário - foi apenas como amigo, terá explicado - e terá assegurado que a Goodstone, para onde foram enviadas três das quatro prestações do pagamento, pertencessem ao empresário. João Pinto terá explicado que se tratava de uma sociedade financeira usada para os depósitos de dinheiro, sobre a qual não tinha qualquer responsabilidade, o que poderá também conduzir as autoridades para a investigação por branqueamento de capitais. Cópias dos cheques pré-datados João Pinto entregou também ontem aos elementos da Polícia Judiciária cópias dos cheques pré-datados (assinados por Ribeiro Teles), para pagamento da última prestação da comissão. Alguns desses cheques não se encontram ainda vencidos, o que faz com que João Pinto ainda seja credor do clube. Refira-se, ainda, que o interrogatório ao atleta estava só marcado para hoje. No entanto, e para evitar o mediatismo da inquirição do jogador, as autoridades anteciparam-no ao início da manhã de ontem, optando por Coimbra (a meio do caminho entre Braga e Lisboa), a cidade de onde o advogado de João Pinto é natural. O jogador faltou também aos treinos do clube durante a manhã e de tarde, mantendo-se todo o dia incontactável. Quanto ao Sporting, o clube já desmentiu a versão apresentada pelo jogador. No último comunicado emitido a propósito deste processo, Rui Patrício, o advogado da SAD sportinguista, esclareceu que os encargos fiscais teriam de ser liquidados por João Pinto e não pelo clube.